domingo, 30 de setembro de 2012

15 % a menos nas antigas SCUT

Um balãozinho para as famílias e para as empresas de transporte que se têm que deslocar diariamente nas antigas SCUT, especialmente nas zonas do Grande Porto, Grande Lisboa, ligação do Porto a Viana do Castelo, de Aveiro a Vilar Formoso e na Via do Infante.
No seguimento desta baixa de tarifa poderia vir também uma baixa de preço nos combustíveis de, digamos, 15 %.

Alguém demita o estupor

O estupor Borges - se ele chama ignorantes aos empresários, sinto-me no direito de lhe chamar estupor - já tinha demonstrado uma grande falta de Sentido de Estado ao aceitar ser consultor do governo para as privatizações e, ao mesmo tempo, ter um lugarzinho na Jerónimo Martins. Uma situação não muito coerente com o ar aristocrático do dito cujo.
Ontem, movido de uma raiva sem par porque alguém não aceitou a sua medida genial, decidiu vociferar contra quem ainda acrescenta valor ao país: os empresários e os trabalhadores.
Dado que o estupor, apesar da sua educação e cultura, não se demite, alguém que o demita. Sem direito a indemnização.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Choque fiscal

Eu, que não percebo grande coisa de finanças, penso que não seria mal pensado retomar esta ideia.
Votei nela, votei em Durão Barroso e Ferreira Leite porque sempre acreditei que mais vale cobrar pouco de muitos do que muito de poucos. Se o primeiro saíu para Bruxelas, a Ferreira Leite nunca foi dada a oportunidade de comandar os designios do país.
" Os homens morrem. As ideias não". Nem Barroso nem Ferreira Leite voltarão ao poder mas aproveitar o seu ideal seria muito interessante.
Um dos problemas de hoje é o abatimento da receita.
Porquê? Porque há menos consumo. Porque a tentação da economia paralela é cada vez maior. Porque se caíu no exagero.
Se se baixarem os impostos de forma generalizada poder-se-á prever mais liquidez para as famílias e as empresas, poder-se-á aumentar o consumo e movimentar a economia.
Sim? Não? Vale a pena tentar?

terça-feira, 25 de setembro de 2012

É urgente privatizar a RTP

Basta ver o Telejornal de hoje, como poderíamos ver o Jornal da Tarde ou o Jornal das Dez na altura do Sócrates, o pedido de desculpas de José Alberto Carvalho a Augusto Santos Silva ou o fim do Contra-Informação.
Hoje falam de Fundações e da necessidade de as fechar, falam que a crise portuguesa "foi cozinhada" antes da crise internacional, desde 1999, falam com PSs desalinhados como Augusto Mateus.
É urgente privatizar a RTP porque seja o Governo qual for, a RTP será usada como agência noticiosa permissível à agenda política do Governo. Isso não pode acontecer.

Um caso de polícia - II


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Azeméis com crescimento sustentado - IV

Para quarto e último texto sobre o crescimento sustentado em Oliveira de Azeméis, sobre as oportunidades criadas pelo poder político e a forma como os empresários oliveirenses as aproveitaram em prol do desenvolvimento local e a melhoria das condições de vida dos oliveirenses, ficou o turismo.
Desde os idos anos 90, com Alfredo César Torres como Secretário de Estado do Turismo, lançando a campanha " Vá para fora cá dentro", que Portugal começou a olhar para o turismo como uma indústria capaz de gerar receitas visíveis. Já existia essa experiência da época do Estado Novo mas só em locais muito específicos como o Estoril e a ilha da Madeira. O Algarve veio mais tarde, pelo rasgo de Cupertino de Miranda e André Jordan.
O que fez César Torres foi catapultar as capacidades turísticas de todo o país pois previa-se um intenso desenvolvimento económico nesta área específica. César Torres tinha a grande vantagem de, como ex-piloto de automóveis e como organizador das grandes provas automobilísticas em Portugal, como sendo o Rali de Portugal Vinho do Porto, conhecer o país de lés-a-lés, por carro, por estradas inenarráveis de tão duras que eram, mas que passavam por aldeias cristalizadas no tempo, por paisagens que hoje em dia são património mundial da humanidade e dando a conhecer a gastronomia das regiões.
Comecei por referir a visão de César Torres porque a podemos transpor para Oliveira de Azeméis e podemos facilmente observar que tudo aquilo que César Torres descobriu em Portugal e que foi capaz de dinamizar uma campanha, existe em Oliveira de Azeméis e, acredito, seja capaz de dinamizar os oliveirenses em torno da sua terra, potenciando a qualidade dos serviços e trazendo mais visitas de pessoas da região.
Oliveira de Azeméis tem actualmente um Parque Molinológico em Ul, onde os visitantes podem apreciar a beleza dos moinhos, aprender como se faz o famoso pão-de-Ul e provar esta iguaria juntamente com a regueifa. Além disto, Ul vai ser considerada Aldeia de Portugal.
No centro de Oliveira de Azeméis mistura-se, por exemplo, o traço do Arquitecto Siza Vieira, a presença milenar de um marco romano, a Galeria Tomás Costa e um stick de hóquei, edificado durante o Mundo de 2003 e que está no Livro Guinness por ser o maior do mundo.
No topo de Oliveira de Azeméis, uma capela em Art Deco, rodeada por árvores exóticas trazidas pelos emigrantes no Brasil: Muitas das árvores que florescem no Parque de La-Salette são únicas na Europa.
A Sudeste do concelho, em Palmaz, é possível caminhar pelas margens do Caima e, subindo até à freguesia de Ossela, deparamo-nos com a casa onde nasceu Ferreira de Castro.
A resposta hoteleira por todo o concelho é do mais alto nível, com o hotel rural em Palmaz, o hotel Dighton em Oliveira de Azeméis, e muitos restaurantes e tasquinhas, desde Loureiro a Cucujães, passando por Cesár, Cidacos, Ul, Fajões, Santiago, S. Roque e por aí fora...
Na gastronomia, além do pão e da regueifa de Ul, do queijo e da cerveja de Ossela, dos Beijinhos de Azeméis, Zamacóis ou os Formigos Cesarenses, o ex-libris são as Papas de S. Miguel, feitas de farinha de milho, nabiça e carne em vinha-de-alhos, tendo já uma confraria que honra e mantém a tradição deste prato típico.
Esta é a capacidade instalada do concelho de Oliveira de Azeméis, no que toca ao turismo.
No entanto, como promoção do concelho, por estratégia, por forma a dar voz a todas estas singularidades, há a aposta constante em eventos que potenciam as tradições.
Eventos como a Volta a Portugal em Bicicleta, o Mercado à Moda Antiga, Noite Branca, a transmissão de programas de grande audiência a partir de Oliveira de Azeméis, como sendo a Praça da Alegria e o Portugal no Coração, a presença do concelho na Bolsa de Turismo de Lisboa e em demais eventos relacionados turismo regional, como foi, por exemplo, a presença na loja do Turismo Porto e Norte, no aeroporto Francisco Sá  Carneiro, entre muitos outros.
Mais uma vez, aos oliveirenses, foram dadas ferramentas úteis para que possam desenvolver a actividade económica do turismo, com isso, valor e mais oportunidades de emprego.
No meu entender existem apenas duas lacunas que poderiam catapultar ainda mais o turismo oliveirense: a criação de um verdadeiro museu - regional ou em honra dos artistas locais como o Paulo Neves ou o Luís Darocha - e a melhoria da ligação a Espinho/ Porto através da modernização e optimização da linha do Vouga.
Termino como o fiz há dias: apesar da crise e das dificuldades, Oliveira de Azeméis tem gente audaz e trabalhadora, tem meios de desenvolvimento, ferramentas, que nos possibilitam olhar o futuro com esperança, numa perspectiva de consolidação económica e que trará melhores condições de vida a todos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Um caso de polícia

A ser verdade a notícia do Correio da Manhã, estamos no campo da gestão danosa e passa muito além do poder da Assembleia da República, passando para o campo do poder judicial.
A questão simples: é algo de novo?! É algo admirável em Paulo Campos?!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Azeméis com crescimento sustentado - III

" Azeméis com crescimento sustentado - III ", como o próprio título poderia indicar, é dedicado ao sector terciário.
Como é que o sector terciário pode ser motor de desenvolvimento?!
Normalmente o sector terciário só existe se existir sector primário e secundário já que as explorações e indústrias necessitam de alguém que lhes trate da contabilidade ou do solicitadoria. Necessitam de advogados e economistas, necessitam de quem lhes trate das comunicações, por exemplo.
Oliveira de Azeméis, como disse anteriormente, é um concelho muito competitivo, nomeadamente na indústria dos moldes, metalomecânica e agro-alimentar. Tem matéria para que os serviços se desenvolvam mas, mesmo assim, não seria suficiente para um desenvolvimento sustentado nesta área.
Santa Maria da Feira, tem uma instituição de ensino superior que dá formação nestes mesmos serviços, como sendo o marketing, solicitadoria e contabilidade. É um apoio às indústrias locais mas, só por si, não chega para ser um sector auto-sustentado.
O que é necessário para que os serviços sejam auto-sustentados?! Ideias.
Oliveira de Azeméis, porventura por ser um concelho antigo, por desde há muitos séculos propiciar boas condições de vida aos seus habitantes, por ser um concelho economicamente viável, conseguiu formar uma classe média culta e educada, aproveitando o melhor que lhe foi colocado à frente.
Oliveira de Azeméis, no século XX, foi uma referência no ensino, muito à custa do Colégio de Oliveira de Azeméis e da Escola Indústrial e Comercial.
Talvez por isto, por termos pessoas educadas e com algum poder de compra, essas mesmas pessoas tiveram a hipótese de ler, viajar, conhecer; coisas fundamentais para que se desenvolva o sonho e a capacidade de criar.
Oliveira de Azeméis é também um concelho referência no sector terciário porque consegue ter um conjunto de empresas que, à parte da qualificação técnica dos seus quadros, conseguem imputar ideias novas e serem inovadores naquilo que fazem.
Resumindo, Oliveira de Azeméis consegue exportar ideias, criando valor e emprego.
Neste sector, que tem a capacidade de juntar os serviços à criação de "peças únicas", temos agências de comunicação, temos ateliers de artistas, temos algo fantástico que é "recuperar o lixo" de forma criativa.
Existe a Globaz, uma agência de comunicação, que apresenta design e copy associados a novas soluções tecnológicas, para mercados B2B e B2C. É do centro de Oliveira de Azeméis, cresceu por Portugal e partiu, com sucesso, à conquista dos mercados angolano, moçambicano e cabo-verdiano.
Oriunda de uma família de arquitectos e engenheiros, a FMS Group, junta serviços de arquitectura e engenharia e coloca-os no mercado global, levando o traço oliveirense por esse mundo fora.
Ao percorrermos Portugal, deparamo-nos várias vezes com imponentes figuras de mármore nas rotundas e outros espaços públicos, como se fossem perfis de uma cara.
Essas obras de arte são idealizadas e produzidas por um cucujanense, Paulo Neves de seu nome, que vive e trabalha na sua freguesia.
Ao depararmo-nos com estas obras de arte espalhadas por Portugal, não é só o nome do Paulo que se enobrece mas também o nome de Oliveira de Azeméis e de todos os seus artistas.
Muito recentemente, no chamado " Quelho do Marcelino", abriu uma pequena loja e atelier que, além das bonitas peças apresentadas, é um caso de estudo no processo das indústrias criativas no combate à crise.
A loja chama-se Virar do Avesso e é onde a Ana e a Maria João recuperam objectos, dando-lhes um toque especial.
Os quatro casos que falei são quatro casos de sucesso quer pela criatividade quer pelo volume de negócios/ vendas gerado.
São bons exemplos de como " as ideias" podem ser colocadas em prática, do lado do criador e do lado do cliente, gerando empresas de sucesso.
A Globaz, a FMS Group, o Paulo Neves e a Virar do Avesso, numa terra com tanta gente a produzir e a criar bem, são empresas que os estudantes, trabalhadores liberais, micro-empresas, etc., podem ver como metas de sucesso a atingir.

sábado, 15 de setembro de 2012

Manifestação apartidária?!

Dentro de algumas horas, nas principais cidades do país, vão-se concentrar pessoas manifestando-se contra a Troika, exigindo a demissão de Passos Coelho, exigindo a demissão de toda a classe política e muitas outras coisas, numa autêntica verborreia.

 
Amigos meus, democratas, votantes em todas as eleições, vão estar presentes. Eu não. Em Março de 2011, numa manifestação idêntica, na altura contra Sócrates, também não participei.
Por muita razão que todos nós tenhamos em nos manifestarmos contra a Troika, contra as políticas deste Governo, existindo o direito à indignação e à manifestação, temos que escolher a altura e os meios para o fazermos.
Vamos ter manifestações, porventura com milhares de pessoas, onde vão estar democratas, amantes da liberdades, cumpridores dos seus deveres como eleitores, vamos ter a extrema direita, vamos ter a extrema esquerda, vamos ter sindicatos, grupos anarquistas.

 
Será uma amalgama de gente, idêntica à manifestação de Março de 2011, com a única diferença que sai a JSD e entra a JS.
Vai ser uma manifestação apartidária mas onde, certamente, vão estar presentes Francisco Louçã para a sua última grande aparição pública, João Semedo, Catarina Martins, Arménio Carlos.
Também vão estar presentes gentes da "cultura subsidiada", chic a valer - jornalistas, actores, músicos, artistas plásticos, etc. - que, em claro sinal de corporativismo ( esse que foi abolido com o 25 de Abril de 1974 e não consagrado na Constituição de 1975) com os seus colegas "artistas" da RTP, vão querer reinvidicar subsídios para a "cultura" e a manutenção da televisão do estado.
Segundo os organizadores vão ser manifestações apartidárias mas a comunicação social, muitas vezes em conluíu com os amigos, vai tratar de dar voz a  Francisco Louçã, João Semedo, Catarina Martins e Arménio Carlos.
 
Aí, em vez da ferocidade demonstrada para com alguns ministros, em vez de fazerem perguntas inteligentes e de acordo com o seus pensamentos, serão só "paninhos quentes" e "palmadinhas nas costas".
Podiam aproveitar estes momentos de grande manifestação popular e perguntar se nacionalizavam a banca, os seguros, a Galp, Portugal Telecom, Sonae, Jerónimo Martins e demais grandes empresas. Podiam perguntar se aplicavam uma taxa de 75%, ou mais, aos ordenados mais elevados. Podiam perguntar se nacionalizavam a comunicação social ou se simplesmente a censuravam. Podiam perguntar se taxavam os bens de luxo com 100%. Podiam perguntar se fechavam os estabelecimentos de ensino privado - desde o primeiro ciclo ao ensino superior. Podiam perguntar se abandonávamos o Euro. Podiam perguntar se se fechariam as fronteiras. Podiam perguntar se fechariam a Assembleia da República e mandariam para o exílio os ex deputados, ministros, secretários de estado do CDS, PSD e alguns do PS.
Nestas alturas, os jornalistas deviam perguntar tudo isto. Mas não. Limitam-se a colocar um microfone à frente e a transcrever tudo, sem escrutínio.


 
Por tudo isto, por muita vontade que teria em dizer "basta", não vou estar presente em nenhuma manifestação porque não quero fazer parte da "massa humana" que aparecerá nas televisões e nos jornais e que legitimarão as palavras dos líderes políticos radicais que vão estar presentes.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Azeméis com crescimento sustentado - II

Como escrevi anteriormente, Oliveira de Azeméis, apesar do momento de crise que o país atravessa, tem ferramentas que permitem olhar o futuro com esperança: tem um tecido industrial coeso e estabilizado que conseguiu atrair para o concelho escolas que irão possibilitar a formação de novos quadros intermédios e superiores.
Mas Oliveira de Azeméis não tem um crescimento sustentado apenas por ter empresas de referência, empregadores e centros de inovação, na área dos moldes, da metalomecânica e da injecção de plásticos.
Oliveira de Azeméis é também uma referência na área agroalimentar. As freguesias de S. Martinho da Gândara, Loureiro, Pinheiro da Bemposta, Palmaz e Ossela, constituem uma fonte de receita neste sector tão importante da economia.
S. Martinho da Gândara tem explorações leiteiras e as outras freguesias têm agricultura.
Nos concelhos instalados no litoral centro e norte não há espaço - devido à densidade populacional - para o grande latifundiário mas devemos olhar para Loureiro e o Pinheiro da Bemposta, para o latifundiário médio, e analisar as potencialidades daqueles terrenos e o que trazem de positivo para a economia do concelho.
Ossela e Palmaz, devido à sua geografia, não são terras que permitam extensões grandes de terreno. A vinha é explorada em Ossela mas, no entanto, há algo mais importante nestes locais, especialmente em altura de crise: agricultura de subsistência.
Nestas terras, um dos grandes esteios no combate à crise é a terra e aquilo que ela dá. As pessoas sabem que podem viver do seu quintal!
Apesar de todo este potencial no sector primário da área agroalimentar, não nos podemos considerar Oliveira de Azeméis um concelho vocacionado para ele. Por isso, há que ter a sabedoria de saber mudar.
Foi isso que aconteceu em Loureiro, com a nova zona-industrial.
Este importante pólo vai permitir atrair mais indústrias para Oliveira de Azeméis e vai, finalmente, colocar um tampão no deslocamento de empresas oliveirenses para os concelhos de Arouca, Vale de Cambra, Albergaria e Estarreja.
A zona indúsrial de Loureiro é de extrema importância para o desenvolvimento indústrial de toda a região porque fica " a meio caminho" de uma via que liga, de forma directa, Valença, no Minho, à Via do Infante, no Algarve, passando por quase todas as cidades mais importantes do país. Fica perto do porto de Aveiro e tem ligação directa a Espanha, por Vilar Formoso.
Com isto, Oliveira de Azeméis continua com um sector primário importante mas consegue capitalizar ainda mais investimento para o sector secundário, estratégico para o desenvolvimento. E aqui nós somos referência a nível nacional.
É de Oliveira de Azeméis que saem todos os dias os produtos mais utilizados na alimentação dos portugueses, como o leite, iogurtes, arroz, massa, queijos, e com rótulos líderes de mercado: Mimosa, Caçarola, Saludães, etc..
Além de todos estes produtos de grande consumo, devido à veia inovadora dos empresários oliveirenses, actualmente temos um produto, líder pela sua qualidade, vocacionado para um nicho de mercado: a cerveja Vadia, uma cerveja artesanal produzida em Ossela.
Portugal está mergulhado numa crise mas felizmente os oliveirenses podem sair à rua com esperança porque têm uma classe empresarial com visão estratégica e uma classe política que soube, no momento propício, dar ferramentas à classe empresarial, beneficiando, com isso, toda a população.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Azeméis com crescimento sustentado

Há tempos, no final de 2007 ou início de 2008, fui entrevistado para um órgão de comunicação social ligado ao desporto automóvel em que perguntavam a minha opinião sobre a abertura do autódromo de Portimão e o impacto que iria ter.
Respondi que em termos turísticos e na deslocação de pessoas e dinheiro o autódromo seria interessante, no chamamento de pessoas ao Algarve mas teria que existir uma maior ligação às pessoas da região.
Disse, na altura, que essa ligação deveria começar pela Universidade porque onde existisse um autódromo, alunos de engenharia, marketing, nutrição e comunicação social teriam objecto de estudo.
Disse isso em relação a um autódromo mas a fórmula, a meu ver, poderá ser aplicada a muitas outras coisas. Por exemplo, a indústria!
A região de “Entre Douro e Vouga” e principalmente Oliveira de Azeméis constituem um importante cluster na indústria automóvel. Nesta região são desenvolvidas e produzidas milhares de peças dos automóveis dos dias de hoje: ópticas para a Ferrari e Audi, pára-choques para a Mercedes, Ford e Peugeot, espelhos para a Volvo, tabliers para a Seat, painéis para a Citröen, etc..
Oliveira de Azeméis é conhecida a nível mundial pelos grandes fabricantes de automóveis, vindo a esta cidade discutir as evoluções tecnológicas dos automóveis do futuro, por forma a se utilizarem novos materiais, mais leves, resistentes e amigos do ambiente.
Esta história de sucesso começou há muitos séculos atrás, iniciando-se com o aparecimento da primeira fábrica de vidro em Portugal, em 1484, denominada Fábrica do Côvo, em Oliveira de Azeméis.
As técnicas de trabalhar o vidro foram-se aperfeiçoando ao longo dos tempos e de pequenos artesãos criaram-se grandes indústrias, sendo que desde meados do século XIX até aos anos 20 do século XX, criaram-se três empresas fulcrais no desenvolvimento industrial da região: A Vidreira, A Boémia e Centro Videiro do Norte de Portugal.

A partir dos anos 50 do século passado, vários empregados da indústria vidreira com visão de futuro, perceberam que com a introdução de novos materiais em produtos de consumo diário - como o plástico – iriam ser prejudiciais à indústria do vidro.
Assim, utilizando todo o know-how de quem produz artefactos em vidro há séculos através das técnicas de sopro e moldagem, a indústria oliveirense revitalizou-se e colocou-se na primeira linha de empresas que moldam novos materiais para a indústria e para as grandes massas.

Com este desenvolvimento industrial e com a necessidade de se criarem mais e melhores quadros nas empresas, urge a criação de escolas de ensino superior para acompanhar o crescimento.
Aqui temos um processo idêntico ao que falei no autódromo e é por isso que a criação do Parque do Cercal – as novas instalações da Escola Superior Aveiro Norte – vai ser fundamental para um desenvolvimento sustentado de Oliveira de Azeméis e das suas gentes.
Oliveira de Azeméis tem a indústria e, atrás dela, veio o aprofundamento do conhecimento, envolvendo outras valências como a investigação e desenvolvimento tecnológico, o apoio à incubação de novas empresas, o estímulo ao empreendedorismo, a promoção do emprego qualificado e apoio ao tecido económico local e regional.
Neste momento o ramo da engenharia é o mais valorizado mas não nos podemos esquecer que uma empresa não vive só de engenheiros. Precisa de pessoas nas áreas de economia, do marketing, recursos humanos, comunicação.
Precisa também de operadores especializados para que haja uma boa execução dos projectos, necessita de pessoas para a logística, de pessoas para as cantinas, para a limpeza, todo um conjunto de massa humana capaz de fazer uma empresa andar para a frente.
Assim, além da Escola Superior Aveiro Norte, a Escola Superior de Enfermagem e o CENFIM, ainda há espaço para mais e melhores escolas profissionais e do ensino superior.
Apesar da crise e das dificuldades, Oliveira de Azeméis tem ferramentas que nos possibilitam olhar o futuro com esperança, numa perspectiva de consolidação económica e que trará melhores condições de vida a todos.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

" Há duas formas de fazer isto: assim ou por quem sabe"

"Há duas formas de fazer isto: assim ou por quem sabe" pode-se aplicar a mil e uma coisas, até à comunicação de hoje do Sr. Primeiro Ministro, quer na forma quer no conteúdo.
Começando pela forma, a exemplo da melhor escola socrática, é triste fazer-se uma comunicação com esta gravidade ao país, a meia hora de começar um jogo de futebol da selecção nacional.
Com isto, faz-se que a comunicação seja (mal) ouvida e, ainda mais importante, quando os líderes dos partidos da oposição, sindicatos e comentadores estiverem a falar, está o povo todo a ver a bola.
Ainda na forma mas abrangendo o conteúdo, eu ouvi repetidamente Passos Coelho a falar do grave problema do desemprego mas não ouvi nenhuma medida para o combater. Falou, mas ninguém ouviu.
Ou seja, quando se fala em combate ao desemprego, esperam-se ouvir medidas de combate ao desemprego e não foi isso que foi dito. O que foi dito foi que iria existir uma redução da contribuição das empresas para a Segurança Social. Ou seja, as empresas ( as PME e algumas grandes que estejam a passar dificuldades) vão ficar com alguns problemas de tesouraria resolvidos e as muito grandes vão ter ainda mais lucros do que já tinham.
O emprego aumenta quando as empresas têm mais encomendas e necessitam de mão de obra para as satisfazerem e/ ou quando aumentam a capacidade instalada. Qualquer uma destas medidas, à partida, fazem-se com um recurso ao crédito que, como se sabe, continua parado. Que eu saiba, não é por uma empresa ter uma melhor tesouraria que vai andar por aí a contratar pessoal!
O que foi anunciado foi uma transferência das contribuições da Segurança Social das empresas para as famílias, quando estas já atravessam um período bastante difícil das suas vidas. Estamos a falar de um aumento real de 60%, equivalendo a um mês de salário.
Apesar disto tudo, houve uma boa noticia: um dos subsídios ( da função pública) vai ser reposto - se bem que vai ser novamente retirado pelo aumento da contribuição para a Segurança Social. A boa notícia nisto é que o subsidio vai ser dividido pelos doze meses do ano, aumentando desde logo o salário das pessoas e não obrigando as empresas a terem que pagar dois salários nos meses ( tradicionalmente) menos produtivos.
Acabo apenas com uma palavra para os meus amigos socialistas que neste momento verborreiam por aí: o que foi dito hoje, na forma e no conteúdo, não é muito diferente de todo o mal que foi dito e feito de 2008 a 2011; por isso, não se armem em virgens ofendidas e respeitem mais os vossos compromissos com a Troika e com os portugueses.
" Há uma esquerda que adora passar certificados. O PCP sempre se considerou a si próprio a verdadeira esquerda, negando esse estatuto a outros. Agora, ao PCP juntou-se o Bloco, nomeadamente aquele que é apontado por Francisco Louçã para próximo co-líder do partido, João Semedo. Numa entrevista ao “Público” vem este dizer que o PS tem de romper com a troika, acusando os socialistas de estarem “poluídos” por conceitos neoliberais. Para concretizar, interroga-se, referindo-se a um ex-ministro do PS: “O dr. Luís Amado é de esquerda?”.
Eu não tenho procuração de Luís Amado, mas ele afirma-se de esquerda. Ainda o dr. Semedo andava a defender as ditaduras do Leste, já Luís Amado se dizia de esquerda e defendia a democracia. O dr. Semedo, que prudentemente deixou o Comité Central do PC já o muro de Berlim caíra há quase três anos e já o PCUS estava desfeito, pode arrogar-se a passar diplomas, mas não pode eximir-se a que lhe exijam os seus. Será o dr. Semedo um democrata? Ou estará o dr. Semedo ‘poluído’ pela fria e desumana barbárie comunista que defendeu até depois dos 40 anos de idade?
Ah, não há dúvida! Muitos saem do PCP, mas o PCP não sai de alguns deles..."

Henrique Monteiro, in Facebook