segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Resoluções para 2013 - o lado local

Como não poderia deixar ser, por último,a minha amada terra: Oliveira de Azeméis.
De forma genérica, o que pretendo para 2013, em Oliveira de Azeméis, é:


  • A vitória do PSD, de Hermínio Loureiro e da sua equipa nas autárquicas. Digo-o claramente porque além de todo o trabalho desenvolvido até agora - poder-se-á ver aqui ou, então, pela execução das promessas eleitorais que, apesar das grandes dificuldades económicas que o país atravessa, têm sido sobejamente cumpridas - é necessário dar continuidade ao mesmo. Oliveira de Azeméis, de 2009 para cá, cresceu qualitativamente: mostrou-se ( a autarquia e as empresas, através de eventos, promoções, presença junto dos centros de decisão) e atraiu mais investimento nas mais variadas áreas económicas, permitindo que a condição de vida dos oliveirenses permaneça, nesta altura, estável.
  • Com a vitória do PSD desejo, como é óbvio, a derrota do PS e demais forças da oposição. Contudo, espero uma derrota digna, espero uma derrota após uma campanha onde se discuta política, se discuta o essencial para os oliveirenses e não o assessório. Infelizmente não é isso que o PS oliveirense nos habituou... com muita pena minha. Na oposição à edilidade de Oliveira de Azeméis, por vezes, surgem delfins, pequenos lobos, que vão servir uma ovelha; e, por isso, aos socialistas digo: deixem o PS ser forte, deixem de lado quem só sabe perder eleições de forma repetida e consecutiva e apostem nas novas ideias. Com um executivo e uma oposição fortes, os oliveirenses só têm a ganhar. Se as coisas continuarem como estão, com uma Câmara forte e uma oposição fraca, todos perdemos.

Resoluções para 2013 - o lado nacional

No ponto de vista nacional, as minhas resoluções são:


  • que Passos Coelho demita Relvas, Gaspar e Cristas, que demita - se é que se pode aplicar o termo - António Borges, que aumente o número de ministérios por forma a que todos os dossiers sejam devidamente acompanhados. Ou,
  • como anteriormente disse aqui, que Cavaco Silva chame a si a responsabilidade de formar um governo. Seria a forma mais responsável de devolver dignamente seriedade política aos portugueses: mantendo os resultados eleitorais de 2011 mas com um governo abrangente, incorporando todas as forças políticas que assinaram o memorando de entendimento com a Troika. Poderíamos ter um Governo constituído pelos três líderes dos partidos democráticos, salvaguardando que seriam Ministro sem  Pasta. Depois, mais 14 ou 15 pessoas com a responsabilidade de devolverem a dignidade a Portugal e aos portugueses. Poderiam ser Manuela Ferreira Leite, Miguel Cadilhe, Francisco Assis, Vítor Ramalho, Luís Amado, Bagão Felix, Pires de Lima, Rui Rio, Luís Marques Mendes, Jorge Moreira da Silva, Teresa Patrício Gouveia, Rui Moreira, António Lobo Xavier, Leonor Beleza ou Silva Peneda. Ou,
  •  que Paulo Portas - pensando que poderá ganhar mais em termos autárquicos se não estiver governamentalmente coligado - saia do Governo e acabe com a coligação. Nessa altura, qualquer um dos partidos da oposição irá apresentar uma Moção de Censura ao Governo e este, na mesma hora, cai. Este momento poderá ser uma lufada de ar fresco, uma espécie de revolta partidária que terá que começar no interior dos partidos*.
  • Independentemente dos governantes que tivermos em 2013, que estes tenham a sensatez de saber que é necessário pagar a nossa divida mas que tenham a mesma sensatez de pensarem que não há economia se não existir "quem venda e quem compre".
  • Em Portugal vive-se como se fosse dentro de um tubo de ensaio económico em que as pessoas são apenas e só números. A política que vale a pena ser vivida é humana, é feita por pessoas para as pessoas. 
* Alexandre, O Grande, disse um dia " Não temo um exército de Leões comandados por uma ovelha mas temo um exército de ovelhas comandadas por um leão".
2013 será um ano importante e, a meu ver, um ano de mudança no establishment político actual: os dois principais partidos políticos portugueses, na sua génese, sempre tiverem muitos leões mas, actualmente, são comandados por ovelhas que se limitam a balir algo entre o politicamente correcto e o que é enviado por Merkel/ Barroso/ Rehn.
Caso haja necessidade de novas eleições legislativas em 2013, anteriormente deveria haver um movimento dentro dos partidos para que, quer o PSD quer o PS, se apresentem com os melhores, os mais capazes, os que têm força para "pegar o touro pelos cornos".
Dois líderes fortes, um no Governo e outro na oposição, vão fazer forte gente, vão fazer com que haja competição pelas melhores políticas, pelas mais verdadeiras e, nesta altura, pelas mais audazes.

Resoluções para 2013 - o lado internacional

No final do um ano/ inicio do ano seguinte, é tradicional fazer-se uma espécie de guião de algo que desejamos que aconteça; quer esse algo dependa directamente de nós ou não.
Assim, no ponto de vista internacional, as minhas resoluções são:


  • que Merkel e a CDU percam as eleições de Setembro. Desejo, com isso, que volte ao poder alemão alguém que seja, em primeiro lugar, um humanista. Seria muito pedir um novo Willy Brandt ou Helmut Kohl?! Seria muito pedir que a Alemanha escolha um líder que tenha estudado Jean Monnet, Robert Shuman, Konrad Adenauer, Alcide de Gaspieri ou Jacques Delors - os pais e o estratega da Comunidade Europeia-?! Seria muito pedir que o novo líder alemão saiba da história recente da Europa, onde a Alemanha, desde 1871, desde Bismarck, tem um papel fundamental?!
  • A segunda, é que Obama comece um segundo mandato melhor que o primeiro: que tenha força e coragem no plano geo-político e geo-estratégico, que encare sem receio a Coreia do Norte e o Irão; que olhe com os mesmos olhos para os países onde, de igual forma, ditadores chacinam a população.
  • Por último uma palavra para o Brasil: que resolvam o problema do mensalão, que prendam quem tiverem que prender, provem ao mundo e, sobretudo, ao povo brasileiro, que a última década foi uma década de "ordem e progresso", como está inscrito na bandeira. Só assim é que todos vão acreditar que o Brasil é uma potencia, independentemente se estiver Lula, Dilma ou outro qualquer no poder.

Azeméis é vida

2012: mais um ano de muito trabalho

Viagem no passado por causa do presente

"Hoje tudo é muito diferente em relação ao passado, mas também muita coisa é demasiadamente igual.

No final do século XIX, princípio do século XX, o incipiente operariado português concentrava-se em poucas fábricas dignas desse nome no Norte do país, em particular no Porto, e numa multidão de pequenas oficinas em Lisboa e Setúbal e nas principais cidades do país. Eram operários e operárias, tabaqueiros, têxteis, soldadores, conserveiros, corticeiros, mineiros, padeiros, alfaiates, costureiras, cinzeladores, cortadores de carnes verdes, carpinteiros, fragateiros, estivadores, carregadores, carrejonas no Porto, carvoeiros, costureiras, douradores, etc., etc. Havia uma multidão de criados e criadas, criadas "de servir", e muito trabalho infantil em todas as profissões, em particular nas mercearias, onde os marçanos viviam uma infância muitas vezes brutal, dormindo na loja e carregando com cargas muito pesadas. Falei em operariado, mas na verdade, muito poucos correspondem ao conceito, porque se trata mais de artífices, trabalhadores indiscriminados, e em muitos casos com profissões hierarquizadas em que os aprendizes eram sujeitos a todos os abusos. Havia depois uma aristocracia operária, essencialmente entre os que faziam tarefas qualificadas e mais bem pagas, como era o caso dos tipógrafos, que sabiam ler e por isso tinham um mundo social diferente. Antero de Quental foi tipógrafo de passagem.

Deixo o campo de lado, em que a maioria dos portugueses ainda vivia, onde havia igualmente um território obscuro e pouco conhecido que despertou com a I República, os trabalhadores rurais alentejanos. Estes viviam uma vida violenta e esquecida no meio do deserto alentejano. Nos meios rurais vários grupos de trabalhadores vegetavam na mais negra miséria e vendiam o seu trabalho sazonalmente, nas vinhas do Douro, nos campos do Alentejo e Ribatejo como maltezes e ratinhos. O que de mau se pode dizer das cidades, pode-se dizer pior do campo ou das vilas piscatórias do litoral e mineiras do interior. 

A economia do mundo operário centrava-se no salário muito escasso, na renda de casa, numa vila operária ou numa "ilha" se fosse no Norte do país, onde se amontoavam em condições higiénicas e sanitárias inimagináveis. A epidemia de cólera no Porto, e a habitual ocorrência de tifo, demoraram muito anos a lembrar os governantes do problema de insalubridade da "habitação operária" e deram origem aos bairros sociais no salazarismo.

O vestuário masculino e feminino era muito grosseiro, sarja, serapilheira, chita eram comuns e os sapatos eram para usar aos domingos. Até à década de cinquenta do século XX o pé descalço era um símbolo da pobreza portuguesa. Alpergatas feitas com um bloco de madeira e uma tira de borracha de pneu eram o calçado operário mais comum. As mulheres vestiam-se ainda como se estivessem no campo e os homens já menos, mas mesmo assim o traje operário, como o fato-macaco, demorou a tornar-se comum porque era caro.

A alimentação era de péssima qualidade e a fome, e doenças associadas com as carências alimentares, como o raquitismo, eram comuns. A tuberculose era generalizada, e o alcoolismo um flagelo social. Eram igualmente comuns os traços da varíola, da poliomielite, e em certas zonas do país havia malária e kala-azar. Não havia dinheiro para ir ao médico e também não havia muitos médicos e menos hospitais, já para não falar de medicamentos. A dependência da caridade da igreja ou pública, sob formas como a "sopa dos pobres", implicava regras de comportamento disciplinares, subserviência e cabeça baixa. Havia muita mendicidade.

A prostituição, a criminalidade e o roubo eram generalizados. Havia um número elevado de "matriculadas" e um número ainda maior de mulheres que se prestavam ocasionalmente à prostituição por razões económicas. A violência sexual nas fábricas era uma forma de "direito de pernada" que ninguém contestava e a violência nas famílias sobre as mulheres uma hábito estabelecido. Em Lisboa a criminalidade "apache" de navalha, vinho e fado era a regra, nos campos o assassínio bruto à paulada e a machado associava-se ao roubo nos matos e ao incêndio de searas. A reivindicação de polícia rural está alta na lista de todas as associações de agricultores, como os senhorios urbanos temiam os seus inquilinos.

A esmagadora maioria da população era analfabeta, e os poucos que tinham algumas letras não passavam da instrução primária, muitas vezes incompleta. No entanto, havia uma reverência à escola e à instrução, como sinal de ascensão social. Para muitos pobres, o seminário era a única escola possível.

Os trabalhadores não tinham quaisquer direitos enquanto trabalhadores. Os patrões, fossem os "industriais" com dinheiro brasileiro e títulos de barão e visconde, ou os donos das pequenas oficinas de marcenaria ou de panificação, podiam decidir tudo sobre os seus trabalhadores. Os horários podiam ser de sol a sol, as condições de trabalho eram terríveis, os acidentes de trabalho e as doenças profissionais comuns, as ordens de patrões e capatazes eram indiscutíveis, os dias de doença não eram pagos, as faltas, por muito justificadas que fossem, idem, e o despedimento não tinha qualquer formalidade - chamava-se o trabalhador e "punha-se na rua". Ponto.

Durante a segunda metade do século XIX, os operários começaram a organizar-se e a reivindicar alguns muito escassos direitos. À medida que as antigas corporações desapareciam, e com estas algumas confrarias que ofereciam um escasso apoio social a grupos profissionais, apareciam associações mutualistas que pretendiam em primeiro lugar garantir um funeral decente em vez da carreta dos pobres e a vala comum, assim como algum apoio às viúvas e aos filhos, que a morte deixava de imediato na pobreza absoluta. Os peditórios eram comuns. Esse mundo da economia popular pode ser visto por um observador atento que visite alguns bairros antigos de Lisboa, onde encontra ainda restos da paisagem operária marcada pelas lojas de penhor, pelas funerárias e pelas tabernas.

Os sindicatos, no sentido moderno do termo, surgiram a partir das associações de classe e de um espírito de resistência e auto-organização, que, não sendo nunca muito forte, estabeleceu-se com tenacidade. Havia greves, algumas violentas e tumultuárias, mas também era comum que um gesto qualquer caritativo do patrão fizesse voltar os operários ao trabalho, muito agradecidos com a benesse. A relação paternal entre o patrão e os "seus" operários estava incrustada no tipo de relações sociais dominadas pela clientela e pelo patrocinato. O caciquismo era a face política dessas mesmas relações, a partidocracia actual a sua herdeira.
Do seu lado, do lado das "classes laboriosas", havia muito pouca gente, alguns raros filantropos com ideias progressistas, muitos filantropos com ideias reacionárias, e, durante a sua breve vida, um Rei D. Pedro V. E, pouco a pouco, legislação sobre o trabalho, as condições de trabalho, a "previdência", e um embrião de um direito laboral foi fixando horários, salários, regras, descontos, faltas, doenças, obrigações, e, palavra maldita, do direito nasceram direitos adquiridos.

Estamos a falar de cem, cento e cinquenta anos, mas saímos deste mundo há pouco mais de cinco décadas, com muito sofrimento, esforço e trabalho, consolidando melhorias e direitos. Na década de sessenta, a vida começou a melhorar muito lentamente. A emigração representou a válvula de escape para muita desta miséria, e na França, na Alemanha, como antes no Brasil e Venezuela. Uma lenta mas construtiva industrialização, iniciada nos anos cinquenta, e uma política de "fomento" permitiram, junto com a economia colonial acicatada pela guerra, algum progresso material. E Marcelo Caetano deu a reforma aos rurais e o 25 de Abril o resto. 

Foi um processo lento e nalguns aspectos pouco amável, que incluiu uma revolução e alguma violência, cá e principalmente em África. Conseguimos uma muito razoável integração dos "retornados", mais eficaz pela plasticidade da sociedade portuguesa do que o que aconteceu em França com os pieds noirs. Acabámos com os frutos malditos da pilha de ouro entesourada no Banco de Portugal, a mortalidade infantil, o analfabetismo, a pobreza, a absoluta desprotecção face aos infortúnios do trabalho e da vida.
Melhorámos alguma coisa, mas não muito. Mas foi tudo muito lento e muito tarde, o que significa que os portugueses mais velhos ainda têm uma memória viva, muito provavelmente biográfica, desta pobreza ancestral. Mesmo os que já não a viveram sabiam pelos seus pais e avós que era assim, e isso significa, ao mesmo tempo, um certo conformismo e alguma revolta.

O último tempo onde mais negra foi a miséria portuguesa que ainda pode ser lembrado pelos vivos foi por volta de 1943, o ano em que houve um excedente da balança comercial que a imbecil ignorância actual se permite louvar, sem saber do que está a falar. Ter havido excedentes na balança foi bom, a razão por que isso aconteceu foi péssima. É essa fractura entre a abstração e a realidade que torna obrigatório viajar pelo passado por causa do presente. Tudo é muito diferente, mas também muita coisa é demasiadamente igual. Esperemos que em 2013 não se torne ainda mais parecida."

sábado, 29 de dezembro de 2012

Vasco dixit

Um Homem culto, sensato, ministeriável; quando fala, normalmente, é com a razão.
Em entrevista à Renascença, Vasco Graça Moura voltou a falar da trapalhada do acordo ortográfico.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Pedro voltou

A mensagem é do Pedro, os sublinhados meus e as conclusões, Vossas:

"Amigos,

Este não foi o Natal que merecíamos. Muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos que se habituaram. Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa. E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente.

Já aqui estivemos antes. Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar outros. Mas a verdade é que para muitos, este foi apenas mais um dia num ano cheio de sacrifícios, e penso muitas vezes neles e no que estão a sofrer.

A eles, e a todos vós, no fim deste ano tão difícil em que tanto já nos foi pedido, peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor.

A Laura e eu desejamos a todos umas Festas Felizes.

Um abraço,
Pedro."

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

De Natal a Natal

Ouvindo o Primeiro Ministro e fazendo uma breve análise ao ano que passou e à mensagem de Natal de 2011, pensei que começaria por pedir desculpa.
Desculpa pelo que disse, pelo que prometeu, pelo que fez; pela forma leviana como nos chamou piegas, como colocou "novos contra velhos", como colocou privados contra função-publica; pedir desculpa por dar cobertura política a quem já se devia ter demitido há muito; desculpa por falhar as previsões.
É Natal e há mensagens de acto de contrição que têm mais significado nesta altura. Deveria ter pedido desculpa e indicar um novo rumo...
A sensação que eu e que muita gente - gente do PSD, gente social democrata, gente que se preocupa com a vida comunitária - tem é que caminhamos, a passos largos, para o abismo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

É o Relvas e o Relvas e o Relvas


"Abre-se o jornal da manhã e lá está: consultores de Dirceu promoveram venda da TAP a Efromovich.
José Dirceu, ex-todo poderoso no governo de Lula, está preso, por corrupçãoEfromovich é uma personagem de certo modo estranha, nascido na Bolívia, naturalizado colombiano, brasileiro e polaco, dono da Avianca que se prepara para comprar a TAP (há quem diga que por tuta e meia, mas disso não estou certo). Falta uma pessoa para se compor o triângulo, porque há sempre um triângulo nestes negócios. E já adivinharam quem é - Miguel Relvas.
Temos pois um político brasileiro corrupto, um empresário com uma história algo duvidosa e um político português. Este último, já tinha casos suficientes para ter vergonha e se demitir, mas persiste com aquela autoconfiança que só um ego desmedido e uma proteção política irresponsável permitem ter. Um jornalista brasileiro, Ancelmo Goes (citado no 'Público' num excelente artigo de Cristina Ferreira, onde vou buscar esta informação toda), escreveu a 28 de Outubro no jornal 'O Globo': "Quem está ajudando o empresário Germán Efromovich a comprar a TAP é Miguel Relvas".
E pronto! Não é surpresa! Agora se vê melhor o que o Álvaro andava e anda a atrapalhar. O verdadeiro ministro da Economia também é o Relvas. É o Relvas, é o Relvas, é o Relvas! E depois querem que se confie neles..."
Henrique Monteiro

domingo, 16 de dezembro de 2012

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa...

... Álvaro Santos Pereira conseguiu vergar Bruxelas, mas não consegue fazer o mesmo com Gaspar.
John Le Carré escreveu que é possível derrotar um fanático, porque um fanático tem sempre um segredo escondido que o pode comprometer.
Parece que temos todos de descobrir qual o segredo de Gaspar.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Interpretações pornográficas

A Lei da Limitação de Cargos Autárquicos começou a ganhar forma nos primeiros dias do governo do Sócrates, tendo dois objectivos: um directo e outro indirecto.
O objectivo directo seria o da aprovação da lei antes das autárquicas de 2005 - apesar do PS ter ganho facilmente as eleições legislativas, previa-se que o PSD, com outra liderança e com o manancial autárquico que possui, iria ganhar as eleições de Outubro.
Sócrates não queria terminar o seu reinado, 7 meses após o ter conquistado, ainda por cima, em eleições que "não lhe diziam respeito".
O segundo objectivo, indirecto, camuflado, seria o de passar da Limitação de Cargos Autárquicos para Limitação de Cargos Políticos - como acontece na Presidência da Republica -, retirando, com isso, Alberto João Jardim do poder.
Mais cambalhota, mais empurrão, a lei, finalmente, conheceu a luz do dia.
Penso que é uma boa lei; omissa num ponto mas, no geral, uma boa lei.
Como democrata, como darwinista, acredito que para existir evolução da espécie tem que existir renovação. Não devemos esquecer o passado mas temos que olhar o futuro; os tempos, as acções e as pessoas convergem em determinada altura mas tendem, gradualmente, a divergir.
Posto isto, acredito que pessoas que estão há 12 ou mais anos à frente de instituições, deverão abandonar os seus cargos e aplicar toda a sua experiência em prol da sociedade, noutra actividade: poderão subir um patamar - passar da Junta de Freguesia para a Câmara Municipal -, poderão escrever as suas memórias, organizar workshops sobre gestão autárquica, fazerem consultoria, etc.; com uma ressalva: acredito que em freguesias com pouca população e com fronteiras físicas e culturais ténues, possam existir "repetição de mandatos".
O que eu não posso, de todo, concordar, é que numa atitude revanchista, carregada de populismo marialva, hajam candidaturas a câmaras municipais vizinhas.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O orgulho de ser europeu

Hoje senti um orgulho imenso em ser europeu: após séculos de lutas internas entre estados europeus, após lutas fratricidas, a Europa, assente num império cultural, diplomata, pluri-racial, de matriz judaico-cristã de compreensão e respeito pelo próximo, foi agraciada com o Prémio Nobel da Paz.
Neste momento olho para a Europa como olho, por exemplo, para Rotary ou para os ensinamentos livres, pensando que quem usa a sua sabedoria, o seu conhecimento e o seu poder na utopia da compreensão mundial no caminho para a paz merece todos os prémios e, ao mesmo tempo, não merece nenhum: a procura pelo conhecimento infinito e a subsequente melhoria da condição humana, para quem os pratica, já é um prémio merecido e de valor incalculável.
No entanto somos todos humanos e há coisas que fazem bem ao ego. Estamos todos de parabéns!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Por qué no te callas?

Não sei se percebi bem: o problema era o acesso ao crédito por parte das famílias e do estado.
Empobrecem-se ambos para depois poderem retomar o acesso ao crédito?!
Eu, que venho da área da engenharia, chamo a isso um "sem-fim".
Mas há quem diga que é "tirar água sem caneco" para, no fim, "quem se f@&* é o mexilhão".

domingo, 25 de novembro de 2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Daniel Oliveira e o Bloco

Retirado de um comentário (anónimo?) a um texto de João Lemos Esteves, no Expresso, sobre Daniel Oliveira:

" Claro que todos eles são defensores de regimens autoritários, dirigidos por eles, a vanguarda revolucionária e esclarecida, que conduzirão o rebanho à felicidade da barriga cheia. Eles, enquanto pastores, necessitam de cães de gado, para morder as canelas das ovelhas mais recalcitrantes. Nunca reconhecerão a igualdade das pessoas perante a lei. Há a aristocracia dirigente do partido e há as massas, que necessitam ser orientadas e reeducadas, se necessário.

A diferença entre Oliveira e a linha actual é que Oliveira tem a sensatez de saber que o projecto não passa de isso mesmo, é infactível, e que a única maneira de se aproximar do poder é servindo-se da muleta do PS.Dentro do poder, tentar-se-iam então novos avanços."

Cunhal pensava assim, chegar ao poder e depois actuar. Felizmente nunca chegou ao poder através de eleições.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Gaza - hoje, como ontem e como no futuro

Enquanto houver gente ( de um lado e do outro) completamente fanática por um ideal e outros a aproveitarem esse fanatismo para ganharem muito ( dinheiro, poder, eleições, etc.), vão continuar a existir balas contra pedras, homens-bomba contra detenções, misseis russos e franceses contra misseis israelitas e americanos.
São todos culpados. Para haver uma resolução, seria bom começarem por aí...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

sábado, 17 de novembro de 2012

A propósito do Dia do Desassossego

 


Onde, quando e como

Em Março, no Entre Aspas, escrevi o texto que abaixo se segue.
Cada vez mais é necessário o Rotary, a Cáritas, o Banco Alimentar. Cada vez mais são necessárias pessoas como Isabel Jonet.

Há dias estive em Moçambique, mais precisamente em Maputo.
4.000.000 de pessoas na capital de um país que se quer renovar e modernizar depois de anos e anos de guerra e de miséria e de todos os problemas sociais que isso acarreta. Os negócios brotam e são muitas as empresas estrangeiras que chegam todos os dias ao território, quer a sul mas, sobretudo, a centro e norte onde se centram os jazigos de carvão e gás natural.
O país cresce mas, para já, o crescimento ainda não chega a todo o lado e ainda há imensa gente a viver abaixo do limiar de pobreza.
Na bagagem, levava uma flamula do Rotary Club de Oliveira de Azeméis para entregar no Rotary Club de Maputo e estabelecer uma aproximação
entre os dois clubes. Infelizmente não encontrei o clube, não reúnem, no hotel onde o faziam não me souberam dar nenhuma explicação.
Numa cidade com quatro milhões de habitantes, com tantas carências, o clube estar desactivo pareceu-me um contra-censo…
Poucos dias antes da minha partida para África, estive reunido num clube – que não o meu – e discutia-se o porquê de Rotary parecer “adormecido”. Um dos intervenientes referiu que o problema estava na Segurança Social, nas Câmaras e nas IPSS porque estes vieram ocupar o espaço que pertencia ao Rotary. Ou seja, parecia que dizia que não havia pobrezinhos para todos poderem fazer os seus projectos.
Será que Rotary é isso? Será que Rotary é cuidar dos pobrezinhos?
Se assim é, por que razão não há Rotary em Maputo, capital de um país que até há poucos anos atrás estava nos mais pobres de todo o mundo?!
Será que Rotary tem a função da Cáritas e de outras missões religiosas?!
Em Maputo não faltam pobrezinhos, como em Portugal não faltam casos, muitas vezes, dramáticos.
O que faltam são homens e mulheres justos, honestos, que querem uma sociedade melhor e que arregacem as mangas para a construírem, para mudar o que está mal, envolvendo-se e envolvendo cada vez mais pessoas.
Rotary é mais do que dar a quem mais necessita. Rotary é um movimento de profissionais de todo o mundo que se distinguiram na sua comunidade pelo seu espírito empreendedor, pelo seu sucesso e sendo capazes de dar o melhor de si aos outros: dar pão mas também dar a solução, apontar o caminho, escolher uma estratégia e renovar e reformular de forma desprendida e em espírito de comunhão.
Rotary é uma utopia no caminho para a compreensão mundial e aí somos bastante mais abrangentes que as missões religiosas e muitas ONG porque somos livres de pensar e de actuar, podendo estender a mão a qualquer pessoa independentemente da sua cor, raça ou credo, dando-lhes comida, educação, cultura, vivências e, sobretudo, esperança.
A grande implementação de Rotary foi nos Estados Unidos da América, Canadá, Reino Unido, Japão, Brasil…
Será que nestes países – excepção feita ao Brasil – existem muitos pobrezinhos?
Porque será que as sociedades mais desenvolvidas são aquelas que têm mais organizações, associações, sindicatos que se preocupam com a vida das pessoas, mesmo das que vivem bem?
Porque é da vivência, da troca de ideias, cultura e conhecimento que se cria e o que é necessário é criar algo de novo como motor da nossa sociedade, a nível pessoal, comunitário, económico e financeiro.

Ainda sobre Isabel Jonet

" Ontem, no Público, defendi que frugalidade não é a mesma coisa que miséria. E que adaptar as expectativas a um tempo sem crescimento é apenas realismo.
Nasci e cresci numa casa grande, com muitas assoalhadas e muita gente (somos cinco irmãos). Para os padrões da época a nossa vida era bastante desafogada, mas isso não impedia que a minha avó andasse atrás de mim e dos meus irmãos sempre que saímos de um quarto e deixávamos a luz acesa. Da mesma forma recordo-me de que se remendava a roupa e ia ao sapateiro para substituir as meias-solas, tal como se tinha cuidado para aproveitar os restos das refeições e havia sempre sopa, muitas vezes para nosso desespero. E, claro, cada um tinha um copo para lavar os dentes.
Não recordo o Portugal desses anos com qualquer saudosismo, bem pelo contrário. Nem comparo nenhuma das dificuldades por que hoje passamos com as dificuldades das décadas de 60, de 70 ou mesmo de 80: só gente completamente desmemoriada ou politicamente desonesta pode andar por aí a dizer que há hoje uma miséria que nem nessa época havia. É grotescamente falso, como comprovam não apenas as estatísticas como o simples acto de folhear jornais desse tempo e ler o que era então notícia ou motivo de reportagem.
Marcadas as distâncias, é necessário reconhecer que, infelizmente, o desenvolvimento económico das últimas décadas foi muitas vezes acompanhado por um desregramento no consumo que nem sequer correspondeu a mais qualidade de vida. Foi Ana Jorge, ex-ministra socialista, e não Isabel Jonet, que, ainda não há muito tempo, apelou às crianças e famílias para que aproveitassem "a necessidade de contenção para fazerem sopa em casa, por forma a não gastarem em fast-food que, para além de fazer mal, é mais caro". Fez a então ministra muito bem, e na altura ninguém se indignou, apesar do termo "sopa" poder lembrar, aos nossos bem-pensantes, a "sopa dos pobres".
Na verdade, goste-se ou não, as mudanças em Portugal terão sempre de passar por algumas alterações dos hábitos de consumo. Primeiro porque, como país, andámos demasiado tempo a consumir muito mais do que produzíamos. Todos, em média, 10 por cento a mais. Daí boa parte da dívida. Depois porque, nas famílias, a expectativa de que o rendimento disponível tendia sempre a aumentar, como havia aumentado nas décadas que levaram até à viragem do milénio, induziu comportamentos (e nalguns casos níveis de endividamento) que hoje não são sustentáveis. Vou dar apenas um exemplo concreto, o do hábito de ir comer fora, a começar pelo pequeno-almoço. Quando estudamos as estatísticas europeias comparadas, verificamos que enquanto uma família alemã dedica apenas 6% do seu rendimento disponível a despesas em "restaurantes e hóteis", essa percentagem chegou em Portugal aos 11%. Agora está a diminuir, o que naturalmente se reflecte nas dificuldades, ou mesmo nas falências, de milhares de cafés, pastelarias e restaurantes. Porém, pensando com frieza, será que isso não era inevitável? Ou até recomendável?
Frugalidade não é a mesma coisa que miséria. Reutilizar a roupa e o calçado não é vergonha e até pode ajudar a criar postos de trabalho em ofícios que antes estavam em vias de extinção. Recuperar mesmo os pequenos electrodomésticos, em vez de os deitar fora e comprar novos, é o que os ambientalistas há muito defendem. Sendo assim, porquê tanta polémica e tanta indignação com palavras que recomendam esta sensatez? Sem crescimento económico, um problema que não é de hoje e tem mais de dez anos, temos de realinhar expectativas e reaprender a viver. É melhor dizê-lo, e dizê-lo com clareza, do que continuar a fingir que se podem comer bifes todos os dias.

Claro que a controvérsia em torno das palavras de Isabel Jonet - ou a "indignação" exacerbada da esquerda ululante, como já lhe chamei - não visou apenas, nem sobretudo, as suas referências, melhor ou pior conseguidas, a uma maior moderação no consumo. O que certos sectores da opinião quiseram fazer foi ajustar contas com uma organização que ajuda realmente os pobres sem obedecer aos paradigmas radicais do que deve ser a "solidariedade social". É que, para esses sectores, a virtude da caridade é um pecado e o simples facto de alguém falar dos pobres sem propor a revolução torna-o suspeito de ser como a Supico Pinto do antigo regime, a imagem que Daniel Oliveira entendeu recuperar. A irritação com o trabalho do Banco Alimentar contra a Fome foi ao ponto de alguém como um antigo ministro do PS, Paulo Pedroso, ter sugerido no seu blogue que este não surge por causa da fome, mas antes para corrigir os defeitos da distribuição comercial de alimentos. Se não acreditam, vão ler.
A irritação de uma parte da esquerda com a ideia de caridade - a que chamam sarcasticamente "caridadezinha" - tem uma razão intestina e outra de elaboração intelectual. A razão intestina é que tudo o que possa aliviar o sofrimento dos desvalidos afasta-os também da revolta social com que essa esquerda sonha. A razão conceptual é que essa caridade não pressupõe um tratamento global de toda a sociedade de forma a, como dizem, "integrá-la", nem, ao mesmo tempo, constitui uma solução definitiva para os problemas de pobreza. Vale a pena perceber onde está o erro destes argumentos.
As visões que valorizam a caridade como forma de prestar serviços sociais não pretendem, de facto, soluções globais e totais, até se opõem a elas. Ao contrário dos profetas de um novo utopismo, não acham que caiba ao Estado resolver todos os problemas, ou mesmo simplesmente acorrer a todos os necessitados. Valorizam, em contrapartida, a ideia de que é melhor actuar de forma subsidiária, devendo quem está mais próximo dos problemas e das pessoas ter prioridade. Isto porque essas organizações informais e voluntárias de proximidade fazem melhor o trabalho de apoio aos necessitados - e fazem-no com mais carinho, mesmo com mais amor. É por isso que instituições como os bancos alimentares são preferíveis a serviços públicos com as mesmas funções. O facto de serem também mais eficientes e não consumirem os nossos impostos até resulta secundário.
O outro argumento errado é que estas instituições - ou outras semelhantes - seriam desnecessárias se as sociedades fossem justas e se se desse aos pobres condições para saírem da pobreza. Mais uma vez trata-se de duas realidades que não se opõem, antes são complementares. Mesmo onde existem os mais eficientes mecanismos para levar as pessoas a escapar da pobreza há sempre necessidade de acorrer aos que, pelos motivos mais diversos, necessitam de ajudas desinteressadas. E a ideia de que os Estados podem resolver todas as necessidades materiais de todos os seus cidadãos é uma das ideias utópicas mais falsas e mais perigosas, como a história do século XX bem nos mostra. Por fim, Bento XVI tem razão quando escreve (encíclica Deus Caritas Est) que "sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e ajuda", tal como "existirão sempre situações de necessidade material, para as quais é indispensável uma ajuda na linha de um amor concreto ao próximo".
Há quem entenda que o Estado, através do seu exército de funcionários, das suas imensas estruturas, da sua burocracia sem limites e das receitas sempre crescentes que obtém através de mais e mais impostos é que deve ser o dono da solidariedade social e o árbitro absoluto não só das necessidades de pão, como até das carências imateriais. Esse Estado teria mesmo a vantagem de nos desobrigar da preocupação com os nossos semelhantes, aliviando-nos a consciência.
Os que, em contrapartida, entendem que a sociedade não pode ser apenas formalmente justa, tem também de ser fraterna, e que isso passa pela relação entre os homens e não apenas pelo seu dever de pagarem impostos, valorizam instituições como os bancos alimentares e exemplos como os de Isabel Jonet. Porque também valorizam a liberdade e a responsabilidade pessoal, por onde necessariamente passa a busca da felicidade."

José Manuel Fernandes, in Facebook

Uma razão de ser

Como já aqui tinha escrito há tempos, sou consultor de empresas e tenho por hábito visitar essas mesmas empresas, não me restringindo às paredes do meu escritório.
À custa disso, faço milhares de quilómetros por ano, percorrendo o país de lés a lés.
Ontem, numa dessas viagens, tive que fazer por estradas "secundárias" um percurso que me levou da Trofa a Felgueiras.
Nesse percurso relembrei, numa introspecção, o porquê de gostar tanto de política: as pessoas e as suas condições de vida.
Muito mais do a estratégia, muito mais que a adrenalina da disputa de um ideal: As pessoas são o pilar basilar da política e é por elas que deveremos formar um ideal e depois estabelecer uma estratégia de actuação, congregadora das várias diferenças, levando a uma melhor condição de vida da todos.
Fiz esta instrospecção, relembrei o que já sabia, porque ao sair da Trofa e passar por Santo Tirso, Rebordões, Vila das Aves, Vizela, chegando a  Felgueiras passa-se por o que foi outrora, devido ao têxtil e ao calçado, uma das regiões que mais contribuiu para o PIB.
Hoje em dia, para grande tristeza minha, vêem-se resquícios dessas indústrias: ruínas fabris e fábricas com um look dos anos 80.
A pergunta que deixo é, o que é feito das pessoas que lá trabalhavam?
Certamente muitas imigraram para zonas mais costeiras e onde há mais concentração de população, dedicando-se aos serviços.
Outras emigraram para o estrangeiro.
O ideal seria que todas tivessem ficado no mesmo sítio, modernizando-se como se deveriam ter modernizado as empresas...
É esta preocupação constante pela vida de quem nos rodeia que deveria nortear políticos e amantes da política. Espero que assim o seja.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A credibilidade da CGTP

Nos últimos dias, devido às inúmeras dificuldades com que infelizmente vivem muitas famílias portuguesas e com o desenrolar das manifestações, a credibilidade da CGTP junto dos trabalhadores e junto da população em geral, tem aumentado.
Arménio Carlos, em Setembro, afirmou que queria manifestações pacíficas.
Ainda hoje, pessoas da CGTP que estiveram na greve geral do dia 14 vêm afirmar que a manifestação da CGTP acabou com o discurso do Secretário Geral, utilizando esse argumento para defender a actuação da polícia porque liberdade não é libertinagem.
Ou seja, as manifestações que se têm visto, com alguma violência à mistura, não são da responsabilidade da CGTP... porque a partir do momento que Arménio Carlos permitir uma manifestação violenta, não serão uns miúdos com acne na cara a fazerem frente aos polícias. Serão os trabalhadores da estiva e da metalomecânica, acostumados a fazerem força para trabalhar,em que as pedras que atirarão serão maiores que as da calçada portuguesa.

sábado, 10 de novembro de 2012

VIII Convenção BE

O Bloco mudou e quer mudar o PS!
João Teixeira Lopes, em entrevista à SIC Notícias, admitiu a hipótese do Bloco ir para o Governo, caso o PS mude.
Foi com o apoio de Soares que se nacionalizou a banca e as as grandes empresas... Ou seja, não será nada que os portugueses não conheçam.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Obama, o primeiro festejo

O primeiro festejo de Obama, segundo contam, foi " Isto aconteceu graças a vocês. Obrigado".
E isto aconteceu no Twitter: e foi logo ver toda a malta socialista - e não só - a festejar e a aplaudir esta grande frase, a dizer que são estes pequenos gestos que mostram que o homem é grande.
Foi no Twitter!! Não foi perante as pessoas.
Cavaco Silva, sempre que ousa pensar em utilizar o Facebook para alguma coisa, tem esta mesma malta a dizer que ele não deveria utilizar uma rede social.
Relembro que o Facebook, em oposição ao Twitter, não tem limite de caracteres. Ou seja, permite uma melhor comunicação, permite uma explicação, permite transpor um tempo que de tão imediato que é, é apenas uma espuma.
Será que a mensagem de Obama é uma espuma? A mensagem é. O conteúdo, só o tempo e a acção o poderão dizer.

A vitória nos EUA...

... foi para o PSD local.
É sempre bom assistir a eleições entre o PSD e o CDS.
Desejo de um segundo mandato melhor que o primeiro. Parabéns Barack Obama!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Eleições nos EUA

Adoro ver a malta do PS a defender com unhas e dentes a eleição de Obama.
Será que sabem que as eleições nos EUA se disputam entre um partido social-democrata e outro de direita moderada ou direita liberal ( dependendo do líder)?!
Ou seja, que as eleições nos EUA se disputam entre um PSD e um CDS?!

domingo, 4 de novembro de 2012

Jerónimo de Sousa em O.Azeméis - V

Por último, falo da vinda de Jerónimo de Sousa da Oliveira de Azeméis como oliveirense, como cidadão interessado e que preza por andar informado sobre o que se passa à sua volta.
Vir um líder partidário à minha terra, por muito que discorde desse líder, é, para mim, um motivo de orgulho e de respeito.
Orgulho porque alguém reconheceu mérito a Oliveira de Azeméis, tanto que dedicou parte do seu tempo em se deslocar aqui. Orgulho também porque, devido a isso, Oliveira de Azeméis aparecerá nas notícias, tornando-se um concelho cada vez mais reconhecido.
O respeito que sinto, e que todos os oliveirenses deveriam sentir, vem no seguimento do orgulho: se alguém dedica parte do seu tempo a vir visitar Oliveira de Azeméis, a vir conhecer Oliveira de Azeméis, por mais que discordemos dos seus ideais, devemos respeito a essa pessoa, a esse partido.
Se pensarmos que hoje esteve em Oliveira de Azeméis Jerónimo de Sousa e que no último ano estiveram cá Marco António Costa, por duas vezes, Miguel Relvas, uma vez e Francisco Assis, outra vez, poderemos avaliar o quão importante é a nossa terra para as estruturas nacionais dos partidos.
Do PCP veio o líder, do PSD vieram dois generais da actual direcção e do PS veio uma pessoa que não é próxima do actual PS - nem do nacional nem do concelhio.
Posto isto, só posso pensar que das cabeças pensantes de Lisboa, dos líderes nacionais dos cinco maiores partidos, apenas dois têm respeito por Oliveira de Azeméis e pelos oliveirenses: PSD e PCP.
Assim sendo, parece-me justo dizer que os oliveirenses, nas próximas eleições, deverão escolher entre um partido social-democrata e um partido comunista ortodoxo, já que todos os outros não conhecem Oliveira de Azeméis e as necessidades e desejos das suas gentes.

Jerónimo de Sousa em O.Azeméis - IV

Hoje à tarde fui ao comício do PCP em Oliveira de Azeméis, não por ser comunista mas por ser um democrata e por gostar muito de política.
Fui ao comício e saí de lá a pensar que Portugal não está bem, porventura as opções tomadas por este governo na resolução de alguns problemas estão longe de serem as mais acertadas mas, saí do comício a pensar que caso a esquerda unida fosse o governo, estaríamos muito pior.
Fui ao comício do PCP por gostar muito de política e esperava ouvir falar de política, de estratégia, quer para o país quer para o PCP.
Para o país, não houve nada de novo.
Para o PCP, infelizmente, também não. Numa altura em que o Bloco atravessa um período conturbado, seria altura para o PCP piscar o olho aos simpatizantes do bloquistas, trazendo-os para as suas fileiras.
Não ouvi uma única frase nesse sentido. Ouvi dizer que tinham entrado 1000 novos militantes e que seriam necessários mais. Fora isso, mais nada. Se não é aos simpatizantes bloquistas e socialistas que o PCP vai buscar simpatizantes e militantes, onde espera ir buscá-los?!
Outra coisa que não percebi foi a falta de grandes dirigentes a acompanhar Jerónimo de Sousa; especialmente por estarmos na semana em que se discutiu o Orçamento de Estado e por o PCP estar a preparar o 19º Congresso. Onde andam Carvalho da Silva e Francisco Lopes?!

Jerónimo de Sousa em O.Azeméis - III

Jerónimo de Sousa, uma pessoa que, apesar das nossas diferenças ideológicas, considero sério e integro para com os ideais que defende, esteve igual a si próprio. Ou seja, não trouxe nada de novo: colocou PSD, CDS, PS, Presidente da Republica e Troika no mesmo saco, falou contra as grandes empresas e as famílias que detêm o capital, relembrou Abril em contraposição com os "36 anos da velha política de direita".
Jerónimo de Sousa jogou uma partida de ténis entre o dinheiro disponível para a banca e o dinheiro que não está disponível para a produção. Falou um pouco de economia, focalizado na agro-industria e no sector extractor, falou um pouco da disparidade dos aumentos do IRS, em contraposição com o IRC, e pouco mais de palpável.
E andou assim à volta, a "tirar água sem caneco", a vociferar contra PSD, CDS, PS, Presidente da Republica, Troika, grandes empresas e as famílias que detêm o capital.

Jerónimo de Sousa em O.Azeméis - II

Antes do discurso do Grande Líder, Diogo Frazão da JCP abriu as lides: carregou no play da cassete e começou por explicar que o comício estava inserido na campanha " Pôr Fim ao Desastre - Rejeitar o Pacto de Agressão".
Depois disso saudou os estudantes do ensino secundário, pelas manifestações de 14 de Outubro, e os estudantes do ensino superior por se manifestarem contra as propinas e contra Bolonha e a federalização do ensino europeu ( federalização do ensino europeu são palavras minhas, penso que se encaixam bem num manifesto contra o Processo de Bolonha).
Finalizado o momento da juventude, Mafalda Guerreiro colocou o seu play em andamento, em nome da estrutura do partido.
Falou de assuntos sérios e casos de muita gravidade como sejam o encerramento de fábricas e o desemprego causado por isso... Mas depois perdeu-se, voltando-se a encontrar quando falou em dados que só interessam aos militantes do PCP.
Terminou com apelos à greve geral, com números de participação idênticos aos das manifestações de 15 e 29 de Setembro.

Jerónimo de Sousa em O.Azeméis - I

Oliveira de Azeméis recebeu hoje o Secretário Geral do Partido Comunista Português. O espaço escolhido foi o auditório da Junta de Freguesia de Oliveira de Azeméis.
A sala estava cheia, o que, em boa verdade, não era algo muito difícil de acontecer.
Antes dos discursos políticos, mantendo a "tradição cultural" do PCP, um grupo interpretou musicas de Bob Dylan, Zeca Afonso, Trovante, Rio Grande e declamações de Ary dos Santos.
Os Camaradas aqueciam!

Ferreira Leite, a democracia e Rousseau

"Uma declaração de Manuela Ferreira Leite sobre a impossibilidade de, em democracia, se resolverem problemas complexos tem tido grande destaque no noticiário. Acontece que essa declaração foi feita a meu lado, quando moderava um debate sobre democracia e sistemas políticos que evocava o tricentenário de Jean-Jacques Rousseau e os 250 anos da sua obra Do Contrato Social.
O próprio Rousseau, socorrendo-se do exemplo da República Romana, defendeu que, em situações excecionais, se poderia governar em ditadura, mas nunca por mais de seis meses. Algo que a ex-líder do PSD já afirmara há cerca de três anos. Mas se é verdade que Ferreira Leite afirmou o que as notícias dizem, é curioso verificar como as notícias omitem o que, tanto ela como os outros participantes (Mota Amaral, o professor de História Amadeu Carvalho Homem e o professor de Filosofia Diogo Pires Aurélio) sublinharam: que o Estado está capturado por poderosas corporações que impedem o seu fim mais elevado: a Justiça e a Equidade. E que a democracia, afinal, como dizia Churchill é "o pior dos regimes, excetuando todos os outros".
Não vejam aqui uma crítica aos jornalistas presentes e muito menos aos editores dos jornais. Esta é apenas mais uma prova do primeiro tema debatido ontem, em Coimbra, na conferência organizada pela Câmara Municipal e pela Fundação Bissaya Barreto: o tempo instantâneo, a necessidade de tudo dizer em duas palavras ou em três linhas, são, ao fim e ao cabo, grandes inimigos de uma arquitetura política construída para um tempo diferente. Um tempo em que havia a possibilidade de ponderar, em que não havia o direto das televisões, o instantâneo da Internet e a pressão mediática que há hoje.
O que hoje discutimos, mesmo a falar de Rousseau, são meras simplificações dos problemas enormes que temos pela frente. "
Henrique Monteiro, in Expresso

Propaganda da bajulação

Ontem, num alfarrabista portuense, comprei um livro. O livro em si não me diz nada, pela sua qualidade gráfica ou editorial.
Comprei-o por ser um objecto de propaganda dos anos 70 e de bajulação da "classe artística" para com o poder.
O livro chama-se " 12 Poemas para Vasco Gonçalves", com poemas de António Ramos Rosa, Armando Silva Carvalho, Casimiro de Brito, Eduardo Olímpio, Egito Gonçalves, Eugénio de Andrade, Gastão Cruz, José Jorge Letria, José Barreiros, José Ferreira Monte, Maria da Graça Varella Cid e Maria Teresa Horta. Tem um cartaz de Armando Alves e um desenho de José Rodrigues onde se pode ver " Povo e MFA, força força força companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço". Foi publicado pela Editorial Inova em, como diz na contracapa, " Abril/ Terceiro ano da Revolução".
O livro é uma colectânea de poemas em que a figura central é o Camarada Vasco Gonçalves, explorando as suas qualidades de grande líder e as suas políticas.
O livro é uma forma de dizer que os artistas representam o povo, que os artistas estão com o poder, logo o povo está com o poder.
O que ganharam estes artistas com isso?! Não sei, mas posso supor.
Hoje em dia estes artistas não estão com o poder: muito pelo contrário, abominam este poder porque a governação de Passos Coelho terminou com uma série de regalias para com o mundo das artes.
No entanto, outros artistas se mostram. Não publicam poemas nem odes, não vão ao teatro nem cantam musicas de punho fechado erguido.
Esta propaganda da bajulação continua, irá continuar, seja qual for o governo.
Hoje em dia temos artistas nos jornais, nas televisões, nas agências de informação, nos blogues, no Facebook que parecem esquecer a sua coluna vertebral e contorcem-se todos para estarem junto do poder.
O que ganharão estes novos artistas com isso?! Não sei, mas posso supor.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Eu ainda sou do tempo em que a Alemanha tinha perdido a guerra

Eu sou do tempo em que se estudava que a Alemanha tinha perdido a guerra, que tinha perdido para a URSS e os EUA e Reino Unido ( sim, por esta ordem) a vontade de aniquilar os Judeus e Ciganos e submeter os outros não-arianos ao poder da raça superior.
Eu que sou desse tempo, que sou português e amo a minha pátria, fico pasmado quando ouço Merkel, com toda a naturalidade, a retomar a ideia que Bruxelas deverá ter um poder de veto sobre os orçamentos nacionais que se desviem dos limites europeus para o défice orçamental (3% do PIB) e da dívida pública (60% do PIB).
Ninguém diz nada?! Somos o tubo de ensaio económico do mundo dito civilizado e todos se calam perante as alarvidades desta senhora de leste?!
Onde fica a soberania dos estados membros?!
Se isto não é o domínio de um povo sobre o outro, utilizando a economia, retomando quiçá um velho objectivo germânico, não sei o que será.
Que venha a guerra com espingardas e balas, é menos hipócrita.

Uma cidade com futuro

Há tempos, aqui neste espaço, escrevi que Oliveira de Azeméis, apesar da crise e das dificuldades, tem gente audaz e trabalhadora, tem meios de desenvolvimento que nos possibilitam olhar o futuro com esperança, numa perspectiva de consolidação económica e que trará melhores condições de vida a todos.
Esta situação passa-se porque, felizmente, temos políticos que compreendem os desejos dos empresários, dos micro aos grandes, e criam ferramentas que lhes possibilitam crescer, muito ao estilo do provérbio chinês que diz algo do género " dou-te a cana e ensino-te a pescar, alimentando-te para o resto da vida".
Essas ferramentas podem ser, por exemplo, melhores vias de acesso, a instalação de mais e melhores instalações de ensino, eventos como a Noite Branca que promoveu o comércio tradicional ou o próximo grande evento oliveirense que é a Promoção PME 2012.
A Promoção PME 2012 é um evento dedicado a PME Líder, PME Excelência e a PME que se enquadrem nas indústrias criativas e do pólo tecnológico. É um evento para mostrar o melhor que se faz em Oliveira de Azeméis em sectores cada vez mais estratégicos na economia nacional.
Ou seja, é um evento importante para as empresas porque poderão mostrar-se à comunidade regional, aumentando a sua notoriedade e podendo realizar negócios devido ao evento.
É igualmente um evento importante para a comunidade estudantil oliveirense porque permite aos alunos conhecerem o mercado de trabalho e/ ou inspirarem-se para projectos empreendedores onde poderão colocar em prática tudo o que aprenderam.
Com isto assegura-se o futuro dos jovens, das empresas e, consequentemente, de Oliveira de Azeméis.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Seguro, um homem atento à banca de jornais

Tal qual Jorge da Silva Carvalho, também António José Seguro é uma pessoa atenta às bancas de jornais e não me admirava que fizesse clipping!
Vejamos, na quinta-feira a Visão saía com esta capa:


E na sexta-feira António José Seguro diz que vem aí uma " bomba atómica fiscal". Muito original.
Posto isto, proponho a revista Visão ( no seu todo) para Secretário Geral do PS. Pelo menos tem mais ideias, mais humor, um pouco de amor e uma coisa extremamente útil: pode-se fazer arquivo, não vá falhar a memória a alguém!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O populismo como um meio

Quando não há ideias, quando não se consegue ter um pensamento estruturado e contínuo sobre o que será melhor para uma dada comunidade - seja da mais pequena a um país no seu todo, os agentes políticos nessa situação lançam "coisas" para o ar, dando o aspecto que estão muito activos.
Isso é um engodo que aos olhos de alguns parece ouro mas, afinal, brilha pouco mais do que a palha.
O grave disto é quando esta palha cai no lado populista, reflectindo apenas e só o que "o povo quer ouvir" e não aquilo que efectivamente é correctamente pensado e analisado.
Este populismo é tanto mais perigoso quanto maior for o seu transmissor; neste momento o maior transmissor é o Partido Socialista.
( Eu, como oliveirense, até poderia dizer que se reflecte na estrutura nacional e na estrutura local. Mas o populismo socialista oliveirense é de tão baixa índole que não merece uma linha de texto.)
Há dias, António José Seguro propôs a redução do número de deputados à Assembleia. Sem grandes estudos sem grandes explicações.
Numa altura em que se fazem manifestações contra os políticos em geral, é fácil propor isto. É algo que o povo quer ouvir e que o PS, sem apelo nem agravo, deita cá para fora.
Se calhar, mais sensato, seria dizer que seria necessário aumentar os ordenados dos deputados por forma a se atraírem melhores pessoas, mais qualificadas, que fariam um melhor trabalho em prol de todos nós. Mas explicar isso é complicado e não dá votos.
Seguro propõe uma redução do número de deputados a reboque de se gastar menos dinheiro no OE com o funcionamento da Assembleia. Correcto. O que se faz à representatividade? Não respondeu.
Poderemos pensar que a representatividade iria ser assegurada por uma maior proximidade com os cidadãos, em assembleias intermédias. Quiçá com a presença de partidos regionais e listas de cidadãos independentes.
Ou seja, como o PS atirou uma medida "fácil", não explicando a mesma, poderei pensar que o que Seguro queria era apresentar uma Regionalização encapotada e sendo malévolo para com o resto da esquerda, fazendo-a desaparecer da Assembleia, em prol dos seus interesses.
Poderei pensar que esta medida, ao invés da redução dos custos, iria aumentá-los porque seriem necessárias estruturas intermédias para os deputados regionais.
Posso pensar também que estas estruturas necessitam, para além de deputados regionais, de assessores, consultores, juristas de confiança política, sendo necessário pagá-los.
Ou seja, estas estruturas são um excelente campo para nascerem empregos.
Será que, afinal, o que quer Seguro são mais "jobs for the boys" para o PS quando se der uma renovação de ciclo e se faça uma Regionalização?!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Eanização de Cavaco para salvação do país?

Desde sempre pensei que os presidentes da república iam melhorando ao longo dos mandatos e ao longo do tempo. Assim, teríamos Cavaco como melhor, seguindo-se Sampaio, Soares e Eanes.

Sempre pensei assim porque, tendo eu nascido em 1982, sempre convivi com uma constituição em que os poderes do Presidente eram diminutos se comparados com os do Governo. Sempre encarei a função do Presidente como um tudo ou nada, ou seja, como alguém que pode dissolver a Assembleia e demitir o Governo mas, falando em algo mais prático, de governação, de gestão diária, não pode intervir porque, se assim fosse, arriscar-se-ia a demitir gente todas as semanas e a haver eleições todos os meses.

Por isto é que penso que Cavaco Silva é o melhor Presidente que tivemos até hoje: foi o único que raramente interveio no Governo e, muito menos, na vida partidária.

Num lado diametralmente oposto tivemos Mário Soares que sempre tentou intervir na área da governação, fazendo a única oposição a Cavaco Silva durante quase oito anos, chegando a intervir na vida interna do PS aquando as eleições para Secretário Geral de Vítor Constâncio - contra a posição de Soares - e depois apoiando Guterres contra Sampaio.

Sampaio foi um excelente Presidente durante seis anos de mandato, os mesmo em que Guterres foi Primeiro-Ministro. Tal foi possível porque Guterres tinha tanto de mau Primeiro-Ministro como de bom Presidente, ocultando, inúmeras vezes, Sampaio.

Guterres nunca gostou de decidir e então era vê-lo em tudo quanto era representação do estado português: eram convenções, encontros, cimeiras, festas, etc.. Em tudo onde deveria estar Sampaio, estava Guterres. Onde deveria estar Guterres, estava Jorge Coelho.

Caindo Jorge Coelho caiu Guterres e, poucos meses depois, pudemos assistir a todas as trapalhadas e atropelos cometidos por Sampaio.

De Eanes não tenho memória... Mas cresci a ouvir dizer mal dele, cresci com uma caricatura do António onde estava escrito "Veto logo existo", cresci a pensar que o Almirante Pinheiro de Azevedo seria um excelente Presidente - para mim o primeiro erro político de Sá Carneiro, muito embora tivesse sido uma excelente estratégia para colocar o então PPD do lado dos vencedores.

Eanes, numa altura em que o país tinha acabado de sair da Revolução e da estabilização do 25 de Novembro, numa altura de grave crise financeira e económica - não era uma crise de social e de valores como a que vivemos hoje porque o peso dos 48 anos de ditadura ainda estava muito presente - tendo uma constituição mais favorável ao Presidente ( 1976), sempre interveio em áreas da governação, chamando a si a iniciativa de formar alguns governos.

Não foram governos excelentes mas, à época, dado o tempo político, seria porventura uma opção aceitável.

Hoje estamos numa situação de emergência nacional, mergulhados numa crise financeira, económica, social, de valores e, provavelmente, política. Como não sou sociólogo, não vou falar da crise social e de valores. A crise financeira e económica é visível até para um cego. Por isso vou falar da crise política.

Tivemos um Governo eleito em condições excepcionais, numa altura em que todos já sofriam na pele a má governação socialista, indo a eleições Sócrates e os outros. Felizmente ganharam os outros.
Os outros, sem terem direito a "estado de graça", desde cedo conseguiram mover o povo para um desígnio nacional de sacrifício, pagando os excessos dos últimos anos. A bem ou mal todos aceitaram; muito mais a bem do que a mal.

O problema é que o caminho escolhido ou não foi o melhor ou não foi bem executado e estamos num ponto onde não parece haver solução à vista. Pior do que isso, esse caminho levou a que os dois partidos que compõem o governo tenham entrado claramente em rota de colisão.

Perante isto, o que poderá fazer o Presidente da República? Não fazer nada, dissolver a Assembleia ou manter a Assembleia e optar por um governo de iniciativa presidencial.

Não fazer nada vai fazer com que o povo se recorde de Cavaco como o Presidente que nada fez ( nem de bem nem de mal).

Dissolver a Assembleia vai fazer com que o país pare mais seis ou sete meses devido a eleições, sendo que existirão eleições internas no PS ( António Costa não deixaria Seguro concorrer como candidato a Primeiro Ministro) e no PSD virá ao de cima tudo o que há de mau nas tricas partidárias, com as tropas de Passos Coelho a não deixarem que existam eleições internas, minando tudo.

Assim sendo, a melhor solução seria a de Cavaco Silva chamar a si a responsabilidade de formar um governo. Um governo sério, feito de gente preparada e com provas dadas no lado profissional, quer seja académico, empresarial e associativo. Um Governo de gente que pense que é uma honra poder servir Portugal e os portugueses.

Já que estamos no domínio do hipotético, hipoteticamente esse Governo seria constituído pelos três líderes dos partidos democráticos, salvaguardando que seriam Ministro sem  Pasta.

Depois, mais 13 ou 14 pessoas com a responsabilidade de devolverem a dignidade a Portugal e aos portugueses. Poderiam ser Manuela Ferreira Leite, Miguel Cadilhe, Francisco Assis, Vítor Ramalho, Luís Amado, Bagão Felix, Pires de Lima, Rui Rio, Luís Marques Mendes, Jorge Moreira da Silva, Teresa Patrício Gouveia, Rui Moreira, António Lobo Xavier e Leonor Beleza.

Um Presidente com uma solução para o país e um conjunto de pessoas insuspeitas e com provas dadas. Neste tempo político penso que seria o mais indicado.

Quando? Logo após a aprovação do Orçamento de Estado, não dando hipótese a Passos Coelho de remodelar o actual Governo.

Por Portugal, pelos portugueses, acima de todos os interesses partidários.

domingo, 7 de outubro de 2012

O Fim

"A situação é parecida com a dos últimos dias do Governo Santana Lopes. Parecida, mas longe, muito longe de ser igual. É muito mais grave, mais profunda, e sem aparente saída política de curto prazo em eleições, como acontecia em 2005. Um tempo político acabou em Setembro de 2012, que durava desde o início da primeira década do século, e que se esgotou neste deserto em que parece não existirem forças anímicas na democracia para resolver a profunda crise de representação.

Em 2005, os últimos dias do Governo PSD-CDS começaram com a fuga de Barroso, um acto de grande irresponsabilidade no contexto nacional, depois de uma derrota eleitoral. Os últimos dias do Governo Barroso já são parecidos com todos os dias do Governo Santana Lopes: Barroso preparava-se para despedir Manuela Ferreira Leite e estava convencido que era a política de restrição orçamental que tinha sido responsável pela derrota eleitoral nas europeias. Não me admirava que fosse, até porque o eleitorado em 2009, prevenido da crise que aí vinha, nem por isso deixou de votar em Sócrates, para um ano e meio depois o correr como um vil político que devia ser preso.

Barroso, que começou bem ao dizer que o "país estava de tanga", identificou o risco que a herança de Guterres lhe tinha deixado. Tenho há muito tempo a convicção que foi o tandem Guterres-Pina Moura o primeiro responsável da crise actual, porque o tempo político que conduziu ao pântano começou aí. As tentativas de puxar para trás a crise para comprometer Cavaco ou "todos os Governos desde o 25 de Abril" tratam tempos políticos, económicos e sociais distintos, metendo-os no mesmo saco. Pode ser útil para a propaganda, ou para uma narrativa ideológica do "Estado despesista", mas é pouco fundado nos factos. Uma coisa que é preciso nunca esquecer é que os tempos em política são diferentes e que isso não se vê apenas nas estatísticas económicas.

Na verdade, o tempo que tem sequência até ao anúncio da TSU em Setembro, começou com o "pântano" guterrista e corresponde à noção de que se estava a abrir um abismo entre a necessidade de controlar a despesa do Estado e os bloqueios vindos da partidocracia, do sistema político-constitucional e das escolhas eleitorais dos portugueses. Guterres percebeu-o tarde e foi-se embora. Barroso ainda deu um tempo a Manuela Ferreira Leite para começar a combater os motivos da "tanga" e depois tirou-lho por razões eleitoralistas e de gestão da sua carreira pessoal. Esta foi a primeira tentativa falhada de inversão. A segunda veio dos primeiros anos de Sócrates, entre 2005 e 2007, teve algum sucesso, e embora a dimensão desse sucesso tenha números exagerados, nem por isso deixou de ser meritória. O mesmo Sócrates, que veio mais tarde a rebentar com as finanças públicas, começou como disciplinador do défice. E por aqui se ficaram as tentativas ocorridas no tempo político que vivemos até 2011, de inverter uma situação de corrida ao desastre.

O espectáculo da governação neste último mês é de facto penoso de se ver. No momento em que escrevo, o primeiro-ministro anda fugido de aparecer em público nas comemorações de 5 de Outubro para evitar ser vaiado, e evitou cuidadosamente "dar a cara", como tinha prometido de peito cheio, para anunciar as "más notícias". Um brutal pacote fiscal, já bem dentro do terreno do puro confisco, foi anunciado por um ministro das Finanças que fez uma declaração de amor aos portugueses que se manifestaram chamando-lhe a ele e aos seus colegas de Governo "gatunos". Sacher-Masoch explica isto muito bem.

No Parlamento, durante a discussão das moções de censura, o ambiente de fim dos tempos era evidente. Quebrando uma regra protocolar substantiva, o primeiro-ministro recusou-se a responder individualmente aos dirigentes dos partidos que apresentaram a censura, Jerónimo de Sousa e Louçã. Não há outra explicação senão aquela que alguns deputados gritaram: "Tem medo!". E é de ter medo, porque o bom senso terra a terra e a genuína indignação de Jerónimo de Sousa, junto com a retórica parlamentar de Louçã, são poderosos face a um político acossado como é hoje Passos Coelho.

Na mesma sessão, Paulo Portas fez questão de deixar bem claro que a coreografia do entendimento ocorrida há dias entre CDS e PSD é pouco mais do que isso e que a coligação se apresenta em público rasgada sem disfarces. Tinha no dia anterior recebido uma bofetada de luva preta quando Gaspar falou do "enorme aumento de impostos", como se atirasse a Portas uma resposta pública à sua carta aos militantes dizendo "ai sim, não querias um aumento de impostos, pois leva lá um enorme aumento de impostos".

Na bancada, Passos e Relvas riam-se quando Honório Novo, do PCP, confrontava Portas com o seu "partido de contribuintes". Ao lado, estava Álvaro Santos Pereira e um Governo que uma "fonte próxima do primeiro-ministro" - o que, em linguagem jornalística, significa ou Passos Coelho ou alguém mandatado por ele - ter dito ao Expresso que era para remodelar o mais depressa possível. E Álvaro Santos Pereira, nomeado individualmente pela mesma "fonte", continua ali, impávido e sereno.

António Borges somou apenas mais algumas palavras furiosas ao tom revanchista que perpassa em todo o discurso governamental, um remake dos empurrões na incubadora de antanho: são os empresários "ignorantes" que não "perceberam" a "inteligência" da TSU; são os juízes do Tribunal Constitucional que chumbaram a meritória retirada de dois meses de salário à função pública, para protegerem os seus proventos pessoais; são os funcionários públicos que "vivem" como "cigarras", alimentando-se do trabalho das "formigas" privadas e que, se pensam que escapam, estão bem enganados. Um gigantesco "é bem feito" é dito todos os dias pelo Governo ao país. O país retribui em espécie. Depois disto tudo, não adianta queixarem-se de que as pessoas se distraem com faits-divers em vez de irem ao fundo da questão, porque cada vez mais os faits-divers são o fundo da questão, porque não há mais nada.

O Presidente está perdido no seu labirinto e tem apenas uma tentativa possível, aquilo que impropriamente se designa por "governo de salvação nacional", que é hoje mais provável do que há um ano e que pode vir a ter um escasso tempo útil no meio do desespero vigente. Teria que ser mesmo feito pelo Presidente, fora da partidocracia actual, com acordo parlamentar escrito e assinado por parte do PS, PSD e CDS que lhe desse legitimidade democrática, com um compromisso mais alargado do que o deste Governo. Esse acordo deveria incluir, preto no branco, todas as medidas julgadas necessárias para cumprir o memorando da troika, algumas que deveriam ser renegociadas sem pôr em causa os compromissos de fundo com os nossos credores.

Esse Governo teria como prazo-limite o fim da intervenção estrangeira, que é o seu principal objectivo, e deveria, a seguir, haver eleições. A austeridade não acabava, podia até estabilizar-se num patamar superior, mas teria que absolutamente ter um prazo, no fim do qual começaria a abrandar. Todas as medidas de emergência deveriam ter um prazo vivido, 2014 por exemplo, porque prazos vagos e indefinidos, ou de dez anos para cima, não são "vividos" e geram uma síndroma de Sísifo: nenhum sacrifício parece ter resultado. As palavras, demasiado repetidas, de que um político "responsável" não fala em prazos, não servem para os dias de hoje e são desresponsabilizantes. Hoje, os portugueses precisam, para retomar alguma confiança, de prazos que responsabilizem os políticos.

Não é uma solução perfeita, longe disso. Não tenho dúvidas de que os partidos farão tudo para a torpedear, mesmo que aceitem em desespero de causa. A mediocridade das carreiras políticas no PSD e no PS seria seriamente posta em causa se um Governo destes se revelar eficaz, a extrema-esquerda combatê-lo-ia sem tréguas, mas não vejo outra possibilidade de dar esperança aos portugueses e restaurar alguma confiança. É verdade que muita coisa de urgente não poderia ser feita por uma solução deste tipo: alterar a Constituição, promover um combate eficaz à corrupção, introduzir legislação que inverta o processo de domínio partidocrata, como seja a possibilidade de grupos de cidadãos concorrerem ao Parlamento, a colocação dos nomes das listas partidárias por ordem, etc. Mas muitas outras medidas podem e devem ser tomadas.

A alternativa a uma solução presidencial deste tipo acabará por ser novas eleições sem garantia de governabilidade nos seus resultados, até porque na actual configuração parlamentar não vejo qualquer possibilidade de haver uma solução que substitua a desagregação acelerada da actual governação. O que não pode continuar é o que está, embora também saiba que o apodrecimento dura demasiado tempo e muitas vezes acontece por apatia e interesse egoísta, e depois parte-se para o que já é inevitável há muito tempo, tarde de mais. Esta responsabilidade, a seu tempo, ou seja, em breve, o Presidente não a pode falhar. É coerente com o mandato que procurou e recebeu e com o seu entendimento do papel presidencial. Se não o fizer, e há-de haver uma altura em que até o PSD e o CDS o pedirão, acabará a presidir ao apodrecimento, com ele como parte do problema, por omissão. Vamos ver.
"

(José Pacheco Pereira, Versão do Público de 6 de Outubro de 2012.)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Discurso proferido na entrega de prémios de mérito escolar do Rotary Club de Oliveira de Azeméis


Imaginem um caminhante, de botas impermeáveis nos pés, com roupa confortável, chapéu, uma mochila que contém comida e agasalhos. Imaginem esse caminhante a percorrer um caminho, ao longo de um rio, perto do sopé de uma montanha. Outros caminhantes acompanham o nosso homem…

Entretanto o caminho vai estreitando e a caminhada em grupo começa a ser de difícil progressão… Passados uns tempos, começar a subir.

Com a subida vem o calor inicial, fazendo-o ir buscar água à mochila. Depois cai a chuva, tornando o percurso melancólico. As roupas colam ao corpo devido à água e só um agasalho mais forte o consegue deixar de pensar nas adversidades. Mais uns passos e tem fome. Socorre-se novamente da mochila.

Aparecem animais rasteiros, coelhos mas também lagartos e pequenas cobras que causam alguma estranheza para, de seguida, virem animais de grande porte e as aves de rapina que obrigam a uma atenção redobrada e a uma corrida cheia de adrenalina!

A subida continua e agora é o frio que incomoda o caminhante. Saem umas luvas e um cachecol da “casa ambulante” que leva às costas. Quando se habitua ao frio, quando a neve já não incomoda, vem a solidão.

Quase a chegar ao topo, já a grande altitude, falta o oxigénio, aquele bem tão essencial que nem damos conta… mas o homem, a respirar mal, cansado, com a roupa num estado bem diferente daquele que estava no inicio da subida, continua, gasta as ultimas forças e continua.

Chegou ao topo!

No planalto olhou e viu apenas o céu azul: nem uma nuvenzinha a separar o homem do universo infinito que se lhe depara.

Aquele homem, aquele caminhante, são vocês: catorze alunos brilhantes, apoiados numa mochila, no calçado confortável e na força de vontade, capazes de atravessarem todas as dificuldades em prol de um objectivo.

Parabéns!

Estando na presença de pessoas de jovens brilhantes, cometo a ousadia de citar Oscar Wilde:

'É absurdo falar da ignorância da juventude. Hoje em dia só tenho algum respeito pelas opiniões das pessoas muito mais novas do que eu. Parecem-me estar à minha frente. A vida revelou-lhes a sua última maravilha. Quanto aos velhos, contradigo-os sempre. É uma questão de princípio. Se lhe pedirmos opinião sobre uma coisa que aconteceu ontem, eles dão-nos solenemente as opiniões correntes em 1820, quando as pessoas usavam golas altas, acreditavam em tudo e não sabiam absolutamente nada...'

Parabéns, vocês são os líderes do amanhã.

E agora?!

Cada um de vós é o melhor aluno da vossa escola. Não chega?! Não, porventura não.

O mercado de trabalho, pela crise que vivemos, pelo número cada vez maior de quadros médios e superiores, é uma malha cada vez mais estreita e, infelizmente, o desemprego nos jovens licenciados é cada vez mais elevado.

Talvez por isso, quando íamos às vossas casas anunciar que iriam receber o Prémio de Mérito Escolar, ouvimos os vossos pais, muitas vezes, a lamentarem-se do grande esforço que fizeram, e de toda a vossa dedicação para, provavelmente, terem que ir prosseguir a vida profissional no estrangeiro.

Vão.

Somos portugueses e historicamente tivemos sempre uma ambição muito maior que aquilo que este pequeno território nos pode oferecer. Por isso fizemos coisas grandiosas e demos “novos mundos ao mundo”.

Se não fosse esta ambição das “cabeças pensantes”, de gente tão extraordinária como vocês, nunca tínhamos vencido em Aljubarrota, nunca teríamos chegado a Ceuta, nem à Índia, ao Brasil ou a Macau. Nunca teríamos construído este verdadeiro império de cultura, de Camões a Mia Couto, do Padre António Vieira a Vinícius de Morais, de Pessoa a Pepetela, baseado na língua portuguesa e que abrange 250 milhões de pessoas em todo o mundo.

Este mundo da lusofonia é o vosso primeiro mercado de trabalho.

Por isto que referi, pela nossa história, por algo superior a nós - porque já está no nosso sangue - digo: “vão”.

E também digo “ mas voltem”. Saiam bons de Portugal e regressem como os melhores.

Antes dos descobridores irem para África, Ásia e América, Portugal era um país remediado, confinado a um espaço entre a Serra da Estrela e o Atlântico, do Rio Minho até aos Algarves. Depois das descobertas e por um período de 75 anos, antes do catolicismo atroz implementado por D. Manuel I, Portugal foi a nação mais poderosa do mundo.  

Tenham sempre isto em mente: vão viver o mundo, vão beber a cultura dos outros povos e enriqueçam como pessoas, como profissionais e, claro está monetariamente. Façam isso e depois voltem.

Voltem porque as vossas famílias, os vossos pais, irmãos, tios, avós, necessitam de vocês.

Voltem porque as empresas portuguesas necessitam de mais e melhores quadros e vocês, pelo vosso percurso, devem ajudá-las.

Voltem porque o país necessita de mais e melhores pessoas.

O lema de Rotary é “ dar de si antes de pensar em si”. Penso que é um lema que não se deve aplicar apenas a Rotary mas a toda a vida comunitária sã. Por isso voltem porque a vossa terra necessita de vocês, as associações necessitam de gente que dê o exemplo de trabalho e de conquista e que esteja disposta a ajudar os outros.

Voltem para a associação cultural, para o clube desportivo, para os partidos políticos.

Como iniciei com Oscar Wilde “Hoje em dia só tenho algum respeito pelas opiniões das pessoas muito mais novas do que eu. Parecem-me estar à minha frente.”.

Parecem-me estar à minha frente um grupo de académicos brilhantes que têm tudo para serem profissionais empenhados e pessoas dignas.

O futuro pertence-vos e são vocês os donos dele.