quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

1640, uma questão de orgulho no passado ou a perspectiva para o futuro?



1 de Dezembro de 1640 marca a história de Portugal porque foi nesta data que garantimos pela segunda vez a Nossa soberania. Foi o culminar de uma guerra ibérica que veio por fim a todos os erros acumulados desde a morte de D. João II e subida de D. Manuel I até ao desastre de Alcacér Quibir.


1 de Dezembro marca igualmente a definição fronteiriça de Portugal ( na Metrópole e excluindo o caso pontual de Olivença), sendo dos primeiros países europeus a consegui-lo.


Nisso, uma vez mais, fomos um exemplo para todos: a coabitação saudável e integrada de pessoas de origens geográficas, sociais e culturais diferentes num vasto território, sobre a mesma bandeira, o mesmo desígnio e o mesmo governante. É um marco que nos coloca à frente dos países que abraçaram a tão falada construção europeia, de matriz católica - há Cristãos ( de Roma e de Avignon) , Protestantes ( Luteranos, Vanguardistas, etc.), Ortodoxos, mas todos católicos e com a mesma ideia que a sustentação da sociedade é a família.


Falo da construção europeia e da coabitação saudável dos povos porque a Europa vive actualmente uma crise económica e social que teve origem numa crise financeira. Devido a isso todos falam em mercados, em agências de rating, no valor do juros a pagar a 12 meses e a 10 anos mas ninguém fala em segurança. Uma segurança que, felizmente para os Portugueses, nos poderá salvar da crise a médio prazo; uma segurança que já nos salvou de 1939 a 1945.


No outro dia fui a Antuérpia e ainda estou espantado porque numa loja, uma vendedora que falava flamenco, me disse que preferia falar comigo em inglês do que em francês. É o povo que quer uma mudança, que busca uma identidade. Quando passeava na rua não ouvia falar francês.


Portugal tem este problema resolvido desde a conquista do Algarve aos mouros e conseguimos viver em paz territorial desde D. Afonso III. O resto da Europa não.


A Flandres poderá tornar-se independente dentro de pouco tempo. O povo, aquilo de que é feito um país, disse-o nas urnas e di-lo todos os dias. Porventura, será uma independência pacífica...


O problema é que no minuto seguinte à independência da Flandres, a Catalunha e País Basco em Espanha e a Lombardia na Itália também querem ser independentes. Também não arriscaria muito no que será Irlanda do Norte.


Ou seja, a Europa, caso não resolva rapidamente os seus problemas económicos e sociais, com as populações de uns países a perderem cada vez mais direitos e regalias face a a populações de países vizinhos, poderá a curto prazo entrar em guerra. Tal cenário seria o fim da Comunidade Europeia.


Pensando desta forma, como se comportam os mercados, os investidores? Um dos argumentos mais sólidos para a organização da cimeira da NATO em Portugal foi o da segurança. Eu não conheço ninguém, excepto empresas ligadas à industria bélica e farmacêutica, que queira arriscar um investimento num país ou numa região em guerra; colocando a Europa dos 27 em risco de colapso financeiro.


É neste cenário que penso que Portugal poderá ter dois papeis fundamentais.


O primeiro papel, que eu não acredito minimamente que seja exequível, é o de Portugal, dada a sua história de união entre os povos e o seu poder diplomático, festejados hoje a 1 de Dezembro, ajudar os países de integração interna.


O outro papel, aquele que eu acho que poderá ser uma realidade e que nos ajudará a salvar da Nossa crise é, num cenário de guerra e pós-guerra, Portugal ser um país seguro, com boas comunicações marítimas para a América, África e Ásia, onde as empresas poderão instalarem-se e investir.


Nunca pensei viver uma guerra na Europa " Ocidental" e é algo que tenho dificuldade um digerir. No entanto, com todas as pedras na mesa conseguimos talhar o nosso destino para todas as eventualidades. Só o conseguimos fazer se se falar abertamente das possibilidades.

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